Ministro diz que Forças estão pacificadas e democracia não corre risco

Segundo José Múcio Monteiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará no almoço com o Alto Comando do Exército no dia 2 de maio

Lula cumprimenta o comandante do Exército Tomás Miguel Paiva (Foto: Ricardo Stuckert/ PR)

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, reiterou que as Forças Armadas são órgãos do Estado brasileiro e respeitam quem está no poder. “Eles prestam continência ao cargo, não ao cidadão. Mas está pacificado, a democracia não corre risco, o ambiente está ótimo”, disse ele em entrevista ao Valor.

Segundo o ministro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará no almoço com o Alto Comando do Exército no dia 2 de maio.

“Ontem eu estava na passagem do comando militar do Sudeste. Estamos nos movimentando no melhor ambiente de fraternidade e responsabilidade para o nosso país”, descreveu o clima na caserna.

Questionado sobre o balanço dos 100 dias de governo e o episódio do 8/1, o ministro foi emblemático: “Há coisas que a gente vê com os olhos e há aquela que a gente percebe. O nosso grande trabalho aqui você não vê com os olhos”.

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Nesse período, Múcio destacou que foi iniciativa da sua pasta apresentar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) determinando aos militares que participam da política peçam baixa das Forças Armadas.

“Não no sentido de punir quem foi, mas até de estimular. A carreira militar é uma carreira de muitos anos, com princípios rígidos de hierarquia e disciplina. Um desses militares que se desloca para ser político se desencantou com o que está por vir. Quando ele perde a eleição fora e volta, não volta o mesmo militar”, argumentou.

Ele afirmou que o militar retorna “fazendo proselitismo político, fazendo grupo de WhatsApp e Twitter, pensando na próxima eleição”.

“Isso contamina o convívio dele com a hierarquia e a disciplina. Então, apresentamos isso combinados com os comandantes das Forças e levamos à Casa Civil para ver qual a melhor condução, se uma proposta do governo ou agregar a alguma outra proposta parlamentar. O governo está para resolver. Será salutar para as Forças Armadas”, afirmou.

Democracia

O ministro disse ainda que a maior prova do clima de pacificação nas Forças é que nem um ato foi feito no 31 de março, data que marca o aniversário do golpe militar de 1964. “Houve alguma coisa na chegada do [presidente Jair] Bolsonaro? Nada. Estávamos todos preparados”, disse.

Para ele, a democracia nunca esteve em risco. “Mas alguns pensaram em colocá-la em risco. Tenho absoluta certeza hoje de que os comandos não queriam golpe”, assegurou.

Sobre o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) dos militares envolvidos nos atos golpistas de 8/1, o ministro disse que não haverá turbulência se algum deles se tornar réu na ação penal.

“Não vai. Interessa aos comandos que tudo seja absolutamente esclarecido. Pior coisa é o que não foi esclarecido, é a suspeição permanente, é o que não se resolveu. Nós queremos que essas páginas sejam todas viradas. Os culpados que paguem. Se foram crimes civis que paguem na Justiça comum, se forem crimes militares, que sejam julgados na Justiça militar”, afirmou.

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