Base “calcificada” de Lula garante apoio ao governo superior à rejeição

Para Felipe Nunes, realizações do governo “poderiam ter desempenho melhor”, mas são pouco conhecidas

Foto: Ricardo Stuckert/PR

A aprovação ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue superior à reprovação. Mas a diferença entre esses dois polos ficou mais curta ao longo do ano. É o que aponta a nova pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (19).

Conforme o levantamento, a gestão federal – que tomou posse em 1º de janeiro – é aprovada por 36% dos brasileiros. Em fevereiro, o índice de apoio era maior – estava em 40%.

Já a rejeição – que era de 20% – subiu para 29% em dois meses. Para 29%, a gestão é regular. Outros 6% não sabem ou não responderam à pergunta.

“O que pode estar acontecendo? Depois da Lua de Mel, observamos uma acomodação do eleitorado que não sabia (em fevereiro) como avaliar o governo”, explica Felipe Nunes, diretor da Quaest.

“Lula tem sido um bom presidente para quem votou nele. Mas seu governo, ao não fazer acenos para o eleitorado de centro e oposicionista, dá boas razões para que ele passe a buscar motivos para não gostar do que está vendo”, agrega Felipe.

Segundo o diretor, “foram os eleitores que votaram em Bolsonaro na eleição do ano passado que passaram a se posicionar contrariamente ao governo. Entre os bolsonaristas, a avaliação negativa do governo subiu de 51% para 60%”.

A pesquisa aponta que o noticiário negativo sobre o governo tem gerado mais repercussão que a pauta positiva. Apenas 58% dos entrevistados sabem, por exemplo, que Lula relançou o programa Mais Médicos.

O grau de conhecimento dos brasileiros é a inda menor para iniciativas como o aumento do salário mínimo (57%), a ampliação da faixa de isenção do imposto de renda (55%), o aumento do piso dos professores (50%) e o reajuste na bolsa de pesquisadores (38%).

“Se o comportamento do presidente, a percepção de baixa entrega e o volume de notícias negativas pode estar contribuindo para a piora na avaliação do governo, as realizações divulgadas até aqui poderiam ter desempenho melhor”, diz o diretor da Quaest.

Embora os novos números possam trazer sinais de alerta para Lula e sua gestão, Felipe Nunes traz um contraponto importante. “Está tudo perdido para o governo? Não! A pesquisa mostra que a base lulista está calcificada e não vai abandoná-lo facilmente”, afirma.

A Quaest ouviu 2.015 pessoas presencialmente, em 120 municípios, de todas as regiões  do país, entre os dias 13 a 16 de abril. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

Autor