PIB da China cresce acima do esperado e anima investidores pelo mundo

Analistas esperam que o crescimento da China em 2023 acelere para 5,4%, ante 3,0% no ano passado.

Pessoas visitam a 133ª sessão da Feira de Importação e Exportação da China, também conhecida como Feira de Cantão, em Guangzhou, Província de Guangdong, sul da China, em 15 de abril de 2023. (Xinhua/Liu Dawei)

A recuperação econômica da China acelerou no primeiro trimestre, com o fim das rígidas restrições da covid-19. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 4,5% na comparação anual, nos primeiros três meses do ano, conforme mostraram dados do Departamento Nacional de Estatísticas nesta terça-feira (17). 

Isso animou os investidores globais durante as primeiras horas do dia. O tom positivo no exterior que já vinha da segunda-feira, se estende para esta terça, com investidores digerindo dados mais fortes que o esperado para a economia chinesa. Os números foram divulgados na última noite (no horário de Brasília).

Os dados fortes da economia chinesa ajudaram a impulsionar o preço do minério de ferro (e outras commodities), que subiu 2% na bolsa de Dalian, encerrando as negociações na máxima de uma semana, a US$ 114 por tonelada. O preço desta matéria-prima da indústria deve impactar na economia brasileira.

“De acordo com cálculos preliminares, o PIB no primeiro trimestre foi de 28.5 trilhões de yuans, calculado a preços constantes, um aumento ano a ano de 4,5% e um aumento trimestral de 2,2% em relação ao quarto trimestre do ano anterior ano”, diz o relatório oficial.

O crescimento é maior que os 2,9% do trimestre anterior e supera as previsões dos analistas de uma expansão de 4,0%. Em 2022, a meta do governo chinês para o crescimento do PIB era de 5,5%, mas o índice fechou em alta de 3%, segunda taxa mais baixa desde 1976 (46 anos). A meta para este ano é de 5%. 

Tendência de alta

Outros dados econômicos oficiais divulgados na terça-feira reforçaram os sinais de tendência de alta da economia. Pequim agora está tentando conduzir a economia através de uma recuperação sem alimentar o tipo de inflação observada em outros países.

“O Partido Comunista da China fez da estabilidade econômica uma prioridade máxima em 2023, com foco particular na criação de empregos para compensar o alto desemprego juvenil durante a pandemia. Pequim disse no início deste ano que planeja criar 12 milhões de empregos, acima dos 11 milhões deste ano, enquanto aponta o consumo como um dos principais motores do crescimento”, diz o texto do Departamento Nacional de Estatísticas.

Diz ainda que, de um modo geral, no primeiro trimestre, com a transição rápida e estável da prevenção e controle da epidemia, várias políticas e medidas para estabilizar o crescimento, o emprego e os preços foram colocados em pleno andamento, os fatores positivos se acumularam e aumentaram e a economia nacional estabilizada e recuperada.

No entanto, o relatório também é cauteloso ao expressar a ciência dos economistas do governo de que “o ambiente internacional ainda é complexo e mutável, os constrangimentos da insuficiente procura interna são evidentes e as bases para a recuperação econômica ainda não são sólidas. Na próxima etapa, devemos aderir ao socialismo com características chinesas na nova era de Xi Jinping”.

Esta foto aérea tirada em 13 de março de 2023 mostra um terminal de contêineres do porto de Taicang, província de Jiangsu, no leste da China. (Xinhua/Li Bo)

Mercado atento

Os investidores têm observado atentamente os dados do primeiro trimestre em busca de pistas sobre a força da recuperação chinesa depois que Pequim suspendeu as restrições da covid-19.

O baixo crescimento ocorreu em meio a medidas estritas de pandemia, incluindo fechamento de fronteiras, testes em massa e bloqueios de meses em grandes cidades, como a potência financeira de Xangai.

O relatório é destrinchado pelos analistas, que avaliam que a recuperação da China até agora permaneceu desigual, com consumo, serviços e gastos com infraestrutura se recuperando, enquanto há desaceleração nos preços e aumento nas poupanças bancárias, levantando dúvidas sobre a demanda. A análise bate com a cautela dos economistas do governo.

Na comparação trimestral, o PIB cresceu 2,2% de janeiro a março, em linha com as expectativas dos analistas e acima da alta revisada de 0,6% no trimestre anterior.

Pequim prometeu intensificar o apoio à economia à medida que emerge de um de seus piores desempenhos em quase meio século, no ano passado, devido às restrições da pandemia.O mercado, no entanto, avalia que os números demonstram que o governo terá pouca necessidade de intervenção estatal para incentivar a economia. 

O Banco Central da China disse na semana passada que manterá ampla liquidez, estabilizará o crescimento e os empregos e se concentrará na expansão da demanda.

Na segunda-feira, o Banco Central estendeu o suporte de liquidez aos bancos por meio de sua linha de crédito de médio prazo, mas manteve a taxa desses empréstimos inalterada, uma indicação de que as autoridades não estão muito preocupadas com as perspectivas de crescimento imediato.

Aumento do consumo

Analistas consultados pela Reuters esperam que o crescimento da China em 2023 acelere para 5,4%, ante 3,0% no ano passado. O governo estabeleceu uma meta modesta de crescimento econômico de cerca de 5% para este ano, depois de não cumprir a meta de 2022.

O Banco Central cortou os requisitos de reserva dos credores pela primeira vez este ano, em março, e o governo deu mais estímulos fiscais.

Também de acordo com os dados divulgados nesta 2ª feira (17), o aumento do consumo foi o que mais colaborou para o resultado do 1º trimestre deste ano. Dados separados sobre a atividade de março, também divulgados na terça-feira, mostraram que o crescimento das vendas no varejo acelerou para 10,6%, superando as expectativas e atingindo uma alta de quase dois anos, enquanto o crescimento da produção industrial também acelerou, mas ficou um pouco abaixo das expectativas.

Em 6 de abril, o FMI (Fundo Monetário Internacional) revisou a projeção para o crescimento dos países em 2023. Enquanto a do Brasil ficou em 0,9% e a global em 2,9%, a chinesa tem alta esperada de 5,2%.

O relatório do governo foi dividido em 9 itens de análise. Confira os temas:

  1. A situação da produção agrícola é estável e a indústria de pecuária cresce constantemente
  2. A produção industrial está se recuperando gradualmente e as empresas esperam uma melhora geral
  3. O setor de serviços se recuperou significativamente e o setor de serviços de contato cresceu rapidamente
  4. As vendas no mercado se recuperaram rapidamente e os produtos atualizados aumentaram significativamente
  5. O investimento em ativos fixos cresceu de forma constante e o investimento em indústrias de alta tecnologia cresceu rapidamente
  6. A importação e exportação de mercadorias manteve o crescimento e a estrutura comercial continuou a ser otimizada
  7. Os preços ao consumidor subiram moderadamente, enquanto os preços ao produtor industrial caíram ano a ano
  8. A situação do emprego é globalmente estável e a taxa de desemprego urbano pesquisada diminui
  9. A renda dos residentes cresceu de forma constante, e a renda dos residentes rurais cresceu mais rapidamente do que a dos residentes urbanos
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