73% das áreas desmatadas apresentam indícios de ilegalidade

Segundo dados recentes do Monitor da Fiscalização do Desmatamento, plataforma online do MapBiomas, quase 73% das áreas desmatadas entre 2019 e 2022 apresentam indícios de ilegalidade, o que corresponde a três em cada quatro hectares. Essa constatação revela um alto índice de ilegalidade no uso da terra, de acordo com a organização, que é composta por universidades, organizações não governamentais (ONGs) e empresas de tecnologia.

A coordenadora da plataforma, Ana Valdiones, explica que a ideia da plataforma é “compreender quanto do desmatamento é legalizado, porque ele tem uma autorização do órgão competente, quanto não tem autorização e, portanto, apresenta indícios de ilegalidade, e quanto disso já foi fiscalizado pelos órgãos competentes”.

Lançado em 2022, o Monitor da Fiscalização usa como base as informações fornecidas pelos órgãos federais e estaduais de controle para identificar quanto do desmatamento tem ações de fiscalização sobrepostas. Os dados são cruzados com os alertas de desmatamento publicados pelo MapBiomas e cada alerta é validado, conferido e gerado um laudo com imagens de alta resolução de antes e depois da área desmatada.

Atualmente, o monitor compila dados de dez unidades federativas: Acre, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Rondônia e São Paulo. De acordo com as informações obtidas, 72,6% das áreas desmatadas no período de estimativa passaram por livres de fiscalização.

Os estados com números mais alarmantes foram Acre, Ceará e Rondônia. No Acre, somente 146 alertas de desmatamento tiveram ações de fiscalização sobrepostas, dos mais de 32 mil alertas validados no estado.

De acordo com Ana Valdiones, a transparência sobre os dados ambientais disponibilizados precisa ser aumentada e a intenção é que o monitor cubra todos os estados brasileiros, com a atuação de todos os órgãos ambientais, estaduais e federais.

O Monitor da Fiscalização do Desmatamento é uma iniciativa do MapBiomas em parceria com o Instituto Centro de Vida (ICV) e com a plataforma Brasil.IO, que propõe a disponibilização de dados públicos em formato acessível para a população. As informações podem ser acessadas online gratuitamente e a organização espera ampliar o monitoramento para todo o território nacional até o final de 2023.

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com informações da Agência Brasil