Fundação da Internacional Feminista reúne mulheres de 30 países

Evento na Cidade do México teve a presença de 200 mulheres, entre elas as brasileiras Daiana Santos, deputada federal do PCdoB-RS, e a jornalista Manuela d’Ávila

Fundação da Internacional Feminista. Foto: reprodução/redes sociais

Com o objetivo de promover uma agenda comum a favor da igualdade e de uma vida livre da violência sexista, conforme pontuou manifesto inaugural, aconteceu entre os dias 30 de março e 1º de abril, na Cidade do México, a fundação da Internacional Feminista. O evento reuniu mais de 200 mulheres de 30 países das Américas, Ásia e Europa. Entre elas, as brasileiras Daiana Santos, deputada federal pelo Rio Grande do Sul, e a ex-deputada Manuela D’Ávila, ambas do PCdoB. 

Além do papel desempenhado na fundação do movimento, as duas lideranças passam a ocupar posições importantes na Internacional Feminista. Manuela vai dirigir uma escola de formação e de comunicação da organização, enquanto Daiana será uma das coordenadoras da frente parlamentar da rede. 

Conforme aponta o manifesto de criação da Internacional Feminista (veja a íntegra abaixo), a iniciativa busca construir uma rede internacional de ativismo feminista que promova debates e ações fundamentais para uma transformação civilizacional. 

Entre outros pontos, o documento destaca que “o feminismo é uma aposta estratégica que busca dignificar a forma de reprodução da vida. É um projeto de sociedade que melhora as condições de vida da humanidade e sua relação com o planeta, porque é capaz de oferecer as respostas aos desafios que enfrentamos atualmente e de construir uma saída democrática, igualitária e justa para a crise neoliberal e multidimensional atual”. 

O manifesto salienta, ainda, que o avanço das direitas reacionárias, misóginas, fascistas, homofóbicas e racistas em todo o mundo “tem, nos feminismos populares, suas agendas e lideranças, objeto de violência e de ataques sistemáticos, enquanto os feminismos representam construções alternativas ao capitalismo selvagem e sua expressão neoliberal”. 

Além disso, defende que “não há democracia possível em sociedades extremamente desiguais, motivo pelo qual o feminismo popular trabalha pela ampliação, aprofundamento e radicalidade das democracias do mundo, sustentando como eixo central de sua prática a construção de autonomia para todas as pessoas”. E completa dizendo que “as democracias têm de estar ancoradas na soberania popular e nos ideais de igualdade, tendo nas lutas feministas, ambientais, campesinas, indígenas e nas resistências afros importante papel para a construção dessa soberania igualitária que necessitamos”. 

Avançando juntas

Manuela e Daiana durante lançamento. Foto: reprodução/redes sociais

Durante sua participação no evento, a deputada federal Daiana Santos destacou, pelas redes sociais, que “nossos países têm sido centrais, protagonizando experiências como o movimento #NiUnaMenos, a proposta de reforma constitucional chilena e a Maré Verde pelo aborto, livre seguro e gratuito. E é assim que seguimos avançando, juntas, com um feminismo antirracista, atento às urgências climáticas, sem fronteira, descolonizado e anti-imperialista”. 

A parlamentar salientou ainda que “a união das mulheres latino-americanas é fundamental para combater o patriarcado. Juntas, vamos conquistar nossos direitos e transformar a sociedade. Não vamos descansar até que todas as mulheres tenham seus direitos garantidos”. 

Em discurso feito no lançamento da Internacional Feminista, a jornalista Manuela d’Ávila, que também é vice-presidenta do PCdoB, recordou: “Há mais de um ano, 15 mulheres, de vários países, começamos a nos reunir sonhando organizar a Internacional Feminista. Agora, o sonho começou a se concretizar. Vindas de 30 países, 200 mulheres se encontraram na Cidade do México, no ato fundacional da Internacional Feminista”. 

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Manuela também salientou que “sabemos do momento duríssimo que o mundo enfrenta, com a crise do capitalismo, o crescimento da extrema-direita e das forças neofascistas. Sabemos também, porém, que o feminismo é a força impulsionadora da resistência e da construção de alternativas democráticas. No Brasil, somos a prova disso”. 

Ela citou como exemplo de mobilização das brasileiras “o imenso e amplo movimento “Ele Não”, tão atacado pela direita e injustamente apagado por setores de esquerda; a resistência ao governo do ‘genocida das joias’ e o grande engajamento direto de mulheres para garantir a eleição de Lula. Afinal, sabemos: as pesquisas indicaram que nós, as mulheres e as pessoas negras, demos a vitória a Lula. Não por casualidade, nesse período, o centro dos ataques foi dirigido a mulheres políticas. Dessa certeza de que somos imprescindíveis para resistir e para transformar surgiu a nossa organização”.

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Também estiveram presentes, entre outras lideranças, a ministra da Presidência da Bolívia, María Nela Prada, a deputada da República do Chile Karol Cariola, a senadora do México Citlalli Hernández Mora, a ministra da Igualdade da Espanha, Irenne Montero, a prefeita de Pichincha, no Equador, Paola Pabón, e a prefeita de Santiago, no Chile, Irací Hassler.

Clique abaixo para ler a íntegra do manifesto: