China insta Japão a não ser “peão” dos EUA

As consequências para o Japão podem ser políticas e econômicas; ainda: Israel reforça apartheid, desemprego na Rússia, Trump em Nova Iorque e o caso do espião russo.

O ministro das Relações Exteriores do Japão, Yoshimasa Hayashi, encontra-se com o ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, em Pequim / Foto: Kyodo-via Reuters

O ministro das relações exteriores do Japão, Yoshimasa Hayaschi esteve, neste domingo (2), reunido com altas autoridades chinesas em Pequim, informa o jornal Global Times. Yoshimasa Hayashi visita a China depois de um intervalo de três anos e três meses sem uma missão de primeiro nível da chancelaria japonesa em território chinês. Segundo o Global Times, “durante este período uma série de movimentos diplomáticos, militares e econômicos negativos do Japão deram motivos para nos preocupar com possíveis retrocessos na política do Japão em relação à China e questionar se o Japão continua aderindo à direção de desenvolvimento pacífico. Durante esse tempo, o lado japonês acumulou uma grande pilha de questões que precisa esclarecer e explicar à China”. O Conselheiro de Estado e Ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, se reuniu e almoçou com Hayashi. No mesmo dia, o primeiro-ministro chinês Li Qiang e Wang Yi, membro do Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista da China e diretor do Gabinete da Comissão Central de Relações Exteriores, também se reuniram com Hayashi separadamente. O ministro chinês das relações exteriores, Qin Gang, durante a reunião, pediu sem rodeios que o Japão não seja o peão dos Estados Unidos na região do pacífico, algo que, segundo o Global Times, “é indiscutivelmente a parte mais proeminente do movimento negativo do Japão em relação à China nos últimos dois anos”. O chanceler chinês citou o exemplo da indústria de semicondutores. Antes da saída de Hayashi rumo à China, o Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão anunciou que, a partir de julho, o Japão imporá restrições à exportação para a China de 23 tipos de equipamentos de fabricação de chips em seis categorias para “evitar que países que representam uma ameaça militar tenham acesso a tecnologias avançadas”. Para o dirigente chinês, “Este movimento está, sem dúvida, em cooperação com a supressão da tecnologia chinesa pelos EUA e o impulso de ‘desacoplamento’. Esta é também uma expansão e escalada do Japão agindo como um peão dos EUA”, disse Qin Gang.

Possíveis consequências para o Japão se continuar a ser um “peão” estadunidense

Ainda de acordo com o Global Times, “o Japão já quis manter o estado de ‘política fria, economia quente’ com a China, a fim de evitar impactos negativos na economia do país causados ​​pelo afastamento político ou mesmo um confronto com a China”. No entanto, na reunião com as autoridades chinesas, ficou claro para o chancelar japonês que, “na situação atual, é impossível sustentar esta ambivalência. Em outras palavras, a tendência negativa do Japão em relação à China fará o país pagar um preço enorme tanto política quanto economicamente, prejudicando seriamente os interesses do próprio Japão e até mesmo trazendo riscos incontroláveis”.

Israel reforça apartheid ao criar guarda especial para reprimir “árabes”

A agência Sputnik News informa que Israel aprovou neste domingo a criação de uma Guarda Nacional dentro do Ministério da Segurança Nacional, que se concentrará na “agitação árabe”. Segundo a mídia, espera-se que a nova força inclua 2.000 militares que terão a tarefa de combater o “crime nacionalista” e se reportarão diretamente ao Ministro da Segurança Nacional, o político de extrema-direita Itamar Ben Gvir, autor da proposta. O líder da oposição, Yair Lapid, denunciou a iniciativa do governo como “ridícula e desprezível” e criticou os ministros por votarem para “financiar um Exército privado de bandidos para o palhaço do TikTok“. Para o Presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Ualid Rabah, em declaração à Súmula Internacional, a “política de Israel se sustenta na limpeza étnica, em um experimento social genocida, e na implementação de um regime de apartheid para dominar a população não judaica da Palestina histórica. A novidade é que a limpeza étnica atualmente é promovida também por radicais recém-chegados especialmente dos Estados Unidos. Hoje, os palestinos sofrem “pogroms*” promovidos por extremistas e que agora terão uma polícia de Estado para ajudá-los a realizar estes “pogroms”.

* Pogrom – Perseguição/agressão a grupos étnicos ou religiosos, com aprovação ou incentivo de autoridades oficiais

Desemprego na Rússia atinge mínimo histórico

Foto: © Sputnik – Vitaly Belousov

RT divulgou, neste domingo que o desemprego na Rússia caiu para 3,5% em fevereiro, taxa mais baixa desde que o Serviço Federal de Estatísticas do Estado começou a publicar os números em 1991. Segundo o relatório, o recorde anterior de baixa foi registrado em janeiro, quando a taxa de desemprego era de 3,6%.

Trump em Nova Iorque

Prensa Latina informa que a prevista chegada, nesta segunda-feira (3), do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à cidade de Nova York para comparecer perante um tribunal, mobiliza a polícia devido a possíveis protestos promovidos por seguidores do magnata. Desde a véspera, as barreiras são visíveis nas ruas que circundam o edifício que leva o nome do ex-presidente, local onde supostamente passará a noite antes de ir a uma audiência para tomar conhecimento oficial das acusações contra ele nesta terça-feira (4). De acordo com o The New York Timescitado por Prensa Latina, Trump deve se apresentar no escritório do procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg, antes de ser indiciado no tribunal criminal.

Chefe do Grupo Wagner declara Artyomovsk (Bakhmut) “formalmente capturada”

Chefe da empresa militar privada do Grupo Wagner, Evgeny Prigozhin © Telegram / Foto: Serviço de Imprensa de Prigozhin

RT informa que o chefe da empresa militar privada russa Wagner, Evgeny Prigozhin, anunciou a conquista da cidade de Artyomovsk (conhecida na Ucrânia como Bakhmut), publicando um vídeo supostamente feito em frente ao prédio administrativo da cidade no domingo à noite. “Nós hasteamos a bandeira russa no topo da administração da cidade de Bakhmut”, disse Prigozhin. O anúncio de Prigozhin ocorre poucas horas depois que o proeminente blogueiro militar russo Vladlen Tatarsky (nome real Maksim Fomin) foi morto em um ataque terrorista na tarde de domingo, em um café de São Petersburgo. Moscou não confirmou oficialmente a captura de Artyomovsk. Já sobre a morte do bloqueiro, a porta-voz oficial da chancelaria russa, Maria Zakharova, comentou o ocorrido em São Petersburgo dizendo que jornalistas russos enfrentam ameaças e represálias de Kiev, que são tacitamente ignoradas por estruturas internacionais especializadas. “Jornalistas russos estão sob constantes ameaças de represálias do regime de Kiev e seus mentores […] tudo isso está sendo silenciosamente ignorado por agências internacionais especializadas, o que não pode mais ser interpretado como aquiescência, senão como cumplicidade“, afirmou Zakharova, segundo a agência Sputnik News. “Nem um único caso da morte violenta de um jornalista russo, saudado como um ‘sucesso’ pelo regime de Kiev, foi investigado por países ocidentais, organizações internacionais ou comunidades profissionais estrangeiras, e nem mesmo a simpatia humana básica foi demostrada“, declara um comunicado divulgado pelo ministério de relações exteriores russo sobre a morte de Vladlen Tatarsky .

O “pobre” espião russo

O jornal O Globo, na edição desta segunda-feira (3) traz uma trepidante reportagem sobre um jovem russo, Sergey Vladimirovich Chergasov, acusado de ser espião por autoridades brasileiras e pelo FBI. No Brasil, ele usava o nome falso de Victor Muller Ferreira. Chama a atenção os valores “milionários” que o suposto espião movimentava. Segundo O Globo, Sergey comprou, por 190 mil reais, um imóvel em Cotia (SP). Em outra parte do texto, o jornal carioca informa que “Chergasov recebeu 750 euros (R$ 2,7 mil) em uma conta bancária na Irlanda”. Com essa fortuna em mãos, o agente internacional “conseguiu emitir um passaporte brasileiro utilizando uma identidade falsa” e ainda deve ter sobrado dinheiro para gastar nos pubs irlandeses, onde descobriu segredos vitais para a inteligência russa. Já no Brasil, o suposto espião aprontou uma de deixar a Michelle Bolsonaro insone de tanta inveja. Ele subornou, sempre segundo O Globo, a escrevente de um cartório ao presenteá-la com um colar de joias no valor de R$ 2,2 mil. Isso mesmo, 2 mil e duzentos reais. O consulado russo tenta a extradição do perigoso James Bond eslavo, atualmente preso e escrevendo cartas de amor para a namorada (trecho de uma das cartas foi relevada por O Globo), e o caso está no STF, mas pelos valores que O Globo cita, Sergey Chergasov está mais para Ed Mort (atrapalhado detetive criado pelo genial Luis Fernando Verissimo) do que para espião de uma das maiores potências militares do planeta. Por falar em O Globo, na editoria Mundo o jornal traz ainda uma longa matéria informando que os sócias do atual rei da Inglaterra, Charles III, finalmente saíram do ostracismo quando o novo rei assumiu depois da morte de Elizabeth II. Reconfortante.

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