China: O irresponsável jogo de pressão dos EUA e OTAN contra a Rússia

Segundo o jornal Global Times “os EUA usaram táticas de extrema pressão contra a União Soviética, que acabaram arrastando a União Soviética para baixo, então hoje Washington ainda quer aplicar as mesmas táticas.”

Ilustração: Liu Rui-GT

O jornal Global Times, porta-voz oficioso de Pequim para questões internacionais, publicou, nesta segunda-feira (27) importante análise sobre a escalada promovida pelos EUA e OTAN no conflito ucraniano que “apenas levará a um círculo vicioso, aumentando a corrida armamentista nuclear e, finalmente, dando lugar a um cenário que ninguém quer assistir”. Leia, abaixo, a íntegra do artigo.

Quando se trata da questão da Ucrânia, o Ocidente e a Rússia nunca pararam de testar e pressionar um ao outro. Quanto maior a pressão dos EUA e da OTAN sobre a Rússia, maior será o contra-ataque da Rússia.

A Otan criticou o presidente russo, Vladimir Putin, pelo que chamou de sua retórica nuclear “perigosa e irresponsável” no domingo, um dia depois de Putin dizer que planejava estacionar armas nucleares táticas na Bielorrússia, informou a Reuters. No mesmo dia, o chefe de política externa da UE, Josep Borrell, ameaçou no Twitter que “a UE está pronta para responder com mais sanções“.

Quanto à recente escalada, a razão é a decisão irresponsável do Reino Unido de fornecer munição de urânio empobrecido à Ucrânia. Por um lado, as munições com urânio empobrecido já ultrapassaram a linha vermelha que a Rússia pode aceitar. Por outro lado, isso mostra que países ocidentais como o Reino Unido não têm o que ganhar, no final, com o fornecimento de armas para a Ucrânia. Como resposta, a Rússia optou por realmente implantar armas nucleares táticas na Bielorrússia.

Agora, a OTAN saiu para acusar a Rússia de quebrar seus próprios compromissos de controle de armas. Mas, na verdade, os EUA há muito violam o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Song Zhongping, um especialista militar e comentarista de TV, disse ao Global Times que os EUA implantaram armas nucleares táticas em países europeus, incluindo Bélgica, Alemanha, Itália, Holanda e Turquia, o que significa que os EUA há muito implantam suas armas nucleares táticas na porta da Rússia, representando uma ameaça significativa à segurança nacional do país. A reação da Rússia desta vez não visa apenas o movimento do Reino Unido, mas os EUA.

A implantação planejada da Rússia de suas armas nucleares táticas na Bielorrússia não é apenas uma resposta às provocações passadas e atuais da OTAN, mas também visa dissuadir as potenciais provocações dos EUA, lidando com o que está prestes a acontecer“, disse Song.

A Bielorrússia é uma escolha chave para a Rússia, pois sua localização geográfica é ideal. Não fica longe da Polônia, Alemanha, países bálticos e até dos países nórdicos. Se armas nucleares táticas forem implantadas lá, isso terá um enorme efeito de dissuasão estratégica em alguns países vizinhos da OTAN perto da Rússia, observou Song.

No entanto, quer os EUA e a OTAN imponham várias sanções à Rússia ou forneçam armas continuamente à Ucrânia, eles estão na verdade se movendo em uma direção mais perigosa. Isso não ajudará a resolver a questão da Ucrânia, mas apenas levará a um círculo vicioso, aumentando a corrida armamentista nuclear e, finalmente, dando lugar a um cenário que ninguém quer assistir.

Wang Shuo, professor da Escola de Relações Internacionais da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, destacou que, sabendo que a situação pode piorar, os EUA ainda pressionam a Rússia e o objetivo por trás disso é manter seu sistema hegemônico. Além disso, durante a Guerra Fria, os EUA usaram táticas de extrema pressão contra a União Soviética, que acabaram arrastando a União Soviética para baixo, então hoje Washington ainda quer aplicar as mesmas táticas.

Agora, as forças de paz que mediam o conflito Ucrânia-Rússia ainda são relativamente insuficientes. Os países europeus foram sequestrados pelos EUA para fornecer armas à Ucrânia, e até mesmo países como o Japão fizeram grandes esforços para fornecer assistência à Ucrânia. Tudo isso serve aos interesses dos EUA, cujo objetivo é forçar os países europeus, e até os países do Indo-Pacífico, a ajudar os EUA a combater a Rússia e arrastá-la para baixo. Como esse objetivo não foi alcançado, Washington não quer a paz agora.

São os EUA que estão pressionando a Rússia passo a passo. Washington não quer ver uma vitória da Rússia no campo de batalha ucraniano. Se a Ucrânia perder, isso significa que a OTAN perde, o que também significa que os EUA perdem sua liderança e hegemonia global, um preço que não podem pagar. Consequentemente, quando a China apresentou uma proposta de paz completa, sistemática e dialética de 12 pontos, os EUA foram os primeiros a negá-la. A proposta de paz leva em conta todos os aspectos e é prática. O fato de os EUA rejeitá-la apressadamente mostra que não querem a paz.

O conflito entre a Rússia e a Ucrânia é uma “guerra por procuração” que os EUA impuseram à Europa. Se os EUA e a Rússia não conseguirem chegar a um acordo, não pode haver paz entre a Rússia e a Ucrânia. Mas se o conflito continuar, não apenas a Rússia e a Ucrânia serão prejudicadas, mas também o dilema de segurança da Europa se agravará. Quanto mais a Europa tenta ser segura, mais insegura ela se torna.

Fonte: Global Times