“Bolsonarismo raiz” está cada vez mais isolado no Congresso

Os ataques golpistas de 8 de janeiro e os quase três meses de permanência de Bolsonaro nos EUA contribuíram para o isolamento do seu grupo

O bolsonarista Nikolas Ferreira faz discurso transfóbico (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

Mesmo após ter aumentado sua bancada nas últimas eleições, o chamado “bolsonarismo raiz” enfrenta um isolamento crescente no Congresso Nacional. Reportagem da Folha de S.Paulo observou que o grupo ficou sem postos de comando no Senado e, na Câmara, não é maioria nem dentro do PL.

Segundo a matéria, os ataques golpistas à sede dos três Poderes, em 8 de janeiro, e os quase três meses de permanência de Bolsonaro nos Estados Unidos contribuíram para o isolamento maior do bolsonarismo.

Contribuem com isso também, “uma relativa boa vontade de grupos ao centro e à direta” com o novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva”.

No Senado, destaca-se que nenhum bolsonaristas assumiu posto na Mesa Diretora e nas presidências das comissões. Na Câmara, o maior partido é o PL com 99 cadeiras, mas a maioria delas pertence ao centrão e não aos bolsonaristas.

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“Na Câmara os bolsonaristas radicais chegaram com a marca de ter em seu entorno o deputado federal mais votado do país, Nikolas Ferreira (PL-MG). Por ora, o parlamentar de 26 anos teve como principal ato no Congresso subir com uma peruca loira à tribuna, no Dia da Mulher, para promover um discurso transfóbico”, diz a reportagem.

Observa-se ainda que no PL algumas dezenas de parlamentares do “centrão raiz” podem dar votos a favor de Lula assim que as principais votações do ano começarem, possivelmente no próximo mês.

“Em linhas gerais cerca de um terço da bancada pode ser considerada bolsonarista convicta. Os outros dois terços estão vinculados ao centrão”, relatou a Folha.

Destacou-se que no Senado o mau ano bolsonarista começou com a tentativa de eleição do ex-ministro Rogério Marinho (PL-RN) na disputa com Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O atual presidente da Casa acabou reeleito com 49 votos a 32.

Por outro lado, Lula tenta formar sua base de apoio no Congresso unindo os partidos de esquerda ao MDB, PSD e União Brasil, mas haverá dissidências. Por isso ele também busca no varejo parlamentares do centrão (PL, PP e Republicanos).

“Uma base de apoio sólida precisa ter apoio que supere com alguma folga o mínimo necessário para aprovação de emendas à Constituição, 308 dos 513 deputados e 49 dos 81 senadores”, alertou a reportagem.