Revogar é a primeira lição de casa

A grande farsa é esconder os ideais neoliberais no axioma manipulado da atitude democrática. O prejuízo é da população de baixa renda na aquisição do conhecimento

A fala virtual do ministro da educação pontuando os saberes da democracia, logo após protestos nacionais a favor da revogação da reforma do ensino médio, precisa ser corrigida com urgência.

“Apostamos no diálogo para reavaliação do Novo Ensino Médio. Por isso, o MEC abriu uma consulta pública, com audiências, seminários e pesquisas junto a estudantes, professores e gestores para debater a pauta de forma democrática.”, disse o ministro no twitter.

Essa fala camufla aí consequências drásticas. Entre elas, dar tratamento democrático a uma Medida Provisória do governo Temer, a famosa MP 746/2016, empurrada goela abaixo do povo brasileiro, sem audiências, seminários, pesquisas, consultas ou qualquer coisa que se sustente.

O próprio governo Temer é uma fraude. Mas esse coelho canhestro tem cartola de origem: a velha marca do mercado. A MP 746 é a continuação de um Projeto de Lei (6840/2013) apresentado por uma Comissão Especial da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.

Sendo esse texto último o resultado de uma pressão monumental da iniciativa privada em adequar o ensino brasileiro aos seus interesses econômicos. Pressão essa feita, inclusive, nos governos do PT.

A grande farsa é esconder os ideais neoliberais no axioma manipulado da atitude democrática. O prejuízo da população de baixa renda na aquisição do conhecimento, passou a ser um “instrumento” de defesa da democracia.

É difícil esquecer a cara de farsante de Temer, turbinada pelos cílios postiços do fascismo e pelo batom vermelho da servidão, em suas falas na ocasião. Mediante severas críticas ao projeto nefasto, ele disse que suas medidas causavam polêmicas e revoltas, mas que isso é “democracia”, que eram polêmicas “saudáveis”.

No entanto, uma reforma densamente criticada e repudiada por especialistas, não deu ouvidos a pais de alunos, a alunos, a educadores, a especialistas, mas sim aos conglomerados financeiros do setor, bem como aos políticos serviçais do mercado. Como se os problemas profundos da educação brasileira fossem resolvidos com uma canetada.

Vale salientar que quando o vampiro Temer se referia a “polêmicas”, ele se referia também à sua primeira medida terrorista que foi a proposta de Emenda Constitucional 241, posteriormente Projeto de Lei 55/2016 e, finalmente, PEC 95, que ditou o teto de gastos, o que mergulhou o país na miséria.

Em tempos atuais, a verdadeira democracia é feita de restaurações, de retomadas, jamais de confirmações golpistas. Defendo o debate, mas depois da revogação. Assim tiraremos a cartola do coelho, desconstruindo a magia aplicada contra o povo brasileiro.

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