Igrejas mobilizaram golpistas e financiaram 8 de janeiro

Segundo coluna do Uol, evangélicos bolsonaristas disseram à PF que igrejas de diversos estados bancaram ônibus e organizaram caravanas para Brasília

Atos golpistas em Brasília em 8 de janeiro | Foto: Sergio Lima/AFP

Em depoimento à Polícia Federal (PF), evangélicos bolsonaristas presos por participarem do ato antidemocrático do dia 8 de janeiro em Brasília, revelaram que igrejas de diversos estados do país bancaram ônibus e organizaram caravanas rumo à capital federal.

Na última semana, o Uol obteve e analisou cerca de mil depoimentos sigilosos prestados à PF por extremistas presos no acampamento antidemocrático no quartel-general do Exército, logo após o 8 de janeiro.

Segundo publicação do colunista Aguirre Talento, a documentação inédita está sendo analisada pela PF para o aprofundamento das investigações sobre os financiadores e organizadores dos atos antidemocráticos.

A informação sobre o financiamento por igrejas evangélicas foi citada aos investigadores por pelo menos cinco pessoas, que foram presas pela PF em acampamento montado no quartel-general do Exército. O Uol teve acesso exclusivo a depoimentos dos presos que também relatam a participação de empresários no conluio.

De acordo com a coluna, diante da quantidade de presos a serem ouvidas, todos os depoimentos são curtos e pouco aprofundados, mas servem de “ponto de partida” para as investigações, com base na solicitação feita pelo relator do processo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Os depoentes, no entanto, evitaram fornecer detalhes sobre tais financiadores. Sirlei Siqueira, de Sinop (MT), disse à PF que viajou em uma “excursão da Igreja Presbiteriana Renovada”, mas sem dar detalhes sobre o financiador.

Já Jamil Vanderlino, da mesma região, também disse que viajou em “ônibus financiado por igreja evangélica” e se recusou a dar detalhes. “Fará uso de seu direito de permanecer calado”, registra o documento. Procurada, a Igreja Presbiteriana Renovada de Sinop disse que os pastores não participaram dos atos golpistas e afirmou que desconhece os organizadores a excursão.

Trecho de depoimento do Edinilson Silva, aposentado de Uberlândia (MG), diz que ele “teria conversado com um pastor, que não se recorda o nome, que teria conhecido próximo ao Quartel em Uberlândia, e ele informou que o interrogado poderia ir no ônibus de graça para Brasília”.

Um morador de Maceió, Ademir Almeida, disse que havia uma remuneração mensal de R$ 400 e citou o nome de Adiel Brandão, pastor da Igreja Batista, como um dos financiadores da viagem. Procurado, o pastor disse que viajou com Ademir para Brasília e que “cooperou” durante a viagem porque ele estava com pouco dinheiro, mas que não houve relação da igreja com essas despesas.

Após o 8 de janeiro, a PF abriu inquérito para identificar os financiadores das caravanas com destino a Brasília e, segundo a reportagem, apesar de não apresentarem detalhes nos depoimentos, os alvos tiveram os celulares apreendidos, o que permite maior aprofundamento das informações citadas. São analisadas ainda as quebras de sigilo bancário e relatórios de movimentação financeira dos contratantes dos ônibus, para saber se há financiadores ocultos que não aparecem formalmente nos documentos.

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com informações de agências

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