Erika Hilton pede ao STF suspensão de perfis de bolsonarista Nikolas Ferreira 

Ação de deputada do PSOL foi motivada por discurso e postagens transfóbicas feitas pelo parlamentar mineiro que usou tribuna da Câmara para ridicularizar pessoas trans

Fotos: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados e Youtube

Em luta contra a transfobia e o discurso de ódio, a deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP) apresentou pedido ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que sejam tomadas medidas cautelares contra o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que usou a tribuna da  Câmara para fazer discurso preconceituoso na quarta-feita (8), Dia Internacional da Mulher. 

No pedido, ela solicita a suspensão dos perfis de Ferreira das redes sociais e usa como base ao menos 19 publicações feitas pelo bolsonarista com ataques a trans ou relativos à sessão na qual ele colocou uma peruca para atacar e ridicularizar essas pessoas. 

Além disso, pede que as publicações com conteúdos mentirosos e transfóbicos sejam removidas e que o deputado seja incluído no inquérito das fake news por estimular “uma narrativa não verídica a respeito da população de mulheres trans e travesti”. 

Pelas redes sociais, Erika destacou: “Desde o dia 8 de Março tem sido assim. As declarações de Nikolas seguem desinformado e gerando ondas de ódio e violência. Basta ver o que seus seguidores têm espalhado pelas redes sociais”.

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A deputada disse ainda ainda haver indícios de uso de robôs para propagandear a transfobia e a misoginia, o que poderia explicar tanto a rápida disseminação dos conteúdos quanto o aumento de seguidores. 

“Nikolas vem ganhando muitos seguidores em seu perfil nessa rede social (Instagram), levantando a hipótese da utilização de robôs para aumentar sua base de fãs. Apenas nos últimos 10 dias foram somados mais de 176 mil usuários, valor consideravelmente alto para uma aquisição orgânica”, apontou o relatório da consultoria Vert.se Inteligência Digital, publicado pelo jornal Correio Braziliense. 

“Está evidente que o Deputado Nikolas Ferreira, além de manter atividade criminosa constante de disseminar notícias falsas, transfobia e incitação à transfobia por todas as suas redes sociais, ainda está intencionalmente obtendo vantagem com a prática delituosa”, afirmo a parlamentar, segundo o jornal Folha de S.Paulo. 

Discursos como o de Nikolas Ferreira, comuns aos bolsonaristas e à extrema-direita — que costumam alegar “liberdade de expressão” para proferir todo tipo de barbaridade —, estimulam preconceitos e contribuem para perpetuar a violência contra a população LGBTQIA+ em geral e trans em particular. 

O Brasil é o país que mais mata trans, posição que ocupa pelo 14º ano consecutivo. Somente em 2022, foram 131 assassinatos, de acordo com o  dossiê “Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras”, da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais).

Segundo o relatório, mulheres trans e travestis têm até 38 vezes mais chances de serem mortas em relação aos homens trans e às pessoas não binárias. Das 131 vítimas registradas no ano passado, 130 foram mulheres trans e travestis e um homen trans. Quase 90% das vítimas tinam entre 15 e 40 anos. 

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