Zema vai à Justiça para tentar calar o movimento sindical

CTB também tem denunciado a política antissindical e antitrabalhador de Zema

Foto: Agência Brasil

Qual o sentido de um governante propor uma multa de R$ 3,2 milhões a um sindicato que apenas está cumprindo seu papel de defender os interesses de sua categoria, nos marcos da lei? Esta é uma das perguntas que se impõem diante da ofensiva do governador de Romeu Zema (Novo-MG) contra o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG).

Para calar essa entidade em particular e o movimento sindical em geral, Zema foi à Justiça para criminalizar uma greve na educação realizada em 2022. O Judiciário fez dobradinha com o governador, e o sindicato foi multado em R$ 3,2 milhões – valor sem base legal e sem precedentes.

Para quitar essa multa, o Sind-UTE/MG precisaria suspender suas atividades por três meses. A saída do Sindicato foi recorrer a entidades parceiras e também fazer uma campanha. “Não podemos aceitar esse ‘cala boca’. Essa multa é para inibir a ação sindical”, declarou ao Brasil de Fato o dirigente Paulo Henrique.

Como notou a reportagem, Zema é valente com um sindicato filiado à CUT, de base mais progressista – mas se acovarda em relação aos trabalhadores das forças de segurança. Tudo para não fustigar uma de suas principais bases eleitorais.

A CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) também tem denunciado a política antissindical e antitrabalhador de Zema. Segundo Valéria Morato, presidenta da CTB Minas, um dos alvos do governador é o funcionalismo estadual. De acordo com a sindicalista, o custo da adesão de Minas Gerais ao Regime de Recuperação Fiscal é o desmonte dos serviços públicos – a começar por seus trabalhadores.

“A adesão ao RRF obriga o congelamento do salário dos servidores e proíbe a realização de novos concursos públicos por dez anos, além de ter como condicionante a privatização das empresas públicas mineiras. Tudo isso em troca do adiamento da dívida do estado de Minas com a União”, denuncia Valéria.

“As exigências do RRF vão aumentar problemas já presentes no cotidiano dos mineiros, com o sucateamento ainda maior do serviço público”, agrega a dirigente. “Zema, que sempre se vendeu como um gestor, aumentou a dívida pública e agora quer que o povo pague a conta. Uma desgraça para Minas Gerais e um desrespeito com os trabalhadores e trabalhadoras.”

A expectativa do movimento sindical é reverter o RRF junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos deputados estaduais. “A assinatura do contrato tem que ser feita até julho deste ano e o governo Lula já sinalizou que não vai apoiar planos privatistas”, diz Valéria. “É hora de cobrar os deputados para que representem, de fato, os interesses do povo e barrem mais esse retrocesso.”

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