Exército não terá mensagem pelo aniversário do golpe

Determinação interrompe “ciclo comemorativo” de Bolsonaro, que tratava golpe como revolução e exaltava os “feitos” da ditadura, inclusive a tortura e a morte de oponentes

Foto: acervo/Arquivo Nacional

Na linha de buscar apaziguar as relações entre militares e governo, sobretudo após os desdobramentos dos atos golpistas de 8 de janeiro, o comandante do Exército, general Tomás Paiva, decidiu que no dia 31 de março deste ano não haverá leitura da Ordem do Dia relativa ao golpe de 1964. 

Segundo a informação publicada pela colunista Carla Araújo, do UOL, fontes militares teriam apontado que a interpretação do comandante é de que “o normal era não existir” tal expediente. 

O comandante tem buscado sinalizar, ainda segundo o site, que o momento é de “retomada da confiança” e de construção de pacificação após a derrota de Bolsonaro, que sempre teve apoio de parte das Forças Armadas. 

A decisão de não haver a Ordem do Dia — comunicado que costuma ser lido para a tropa — interrompe o ciclo de quatro anos de comemorações de Jair Bolsonaro (PL) e seus subordinados. O apoio ao golpe e o revisionismo histórico são marcas do bolsonarismo, que tenta reescrever a história transformando a ditadura num período idílico, contrário ao que realmente foi. 

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No comunicado de 2022, por exemplo, a Ordem do Dia emitida pelo Ministério da Defesa e assinado pelo então titular da pasta, general Walter Braga Netto, tratava o golpe como um “marco histórico da evolução política brasileira”. 

Já no 31 de março de 2019, o primeiro sob o governo de Bolsonaro, o Planalto divulgou vídeo que dizia: “O Exército nos salvou. Não há como negar. E tudo isso aconteceu num dia comum de hoje, um 31 de março”. 

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(PL)

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