Campanha da Fraternidade é atacada por bolsonaristas

O tema de combate à fome incomodou católicos apoiadores de Bolsonaro que acusam a campanha de solidariedade de ser comunista

Foto CNBB

A solidariedade para o combate à fome parece não ser um valor que os católicos bolsonaristas queiram celebrar. Após o lançamento Campanha da Fraternidade 2023 pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), católicos de extrema direita apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro utilizaram as redes sociais para atacar a ação que marca o período da Quaresma.

Em um vídeo chamado “Saiba tudo sobre a Campanha da Fraternidade de 2023!”, o Centro Dom Bosco, que reúne católicos de direita, acusa a Campanha de ser herege pelos princípios divulgados no material de divulgação, contesta dados sobre a fome no Brasil, ataca o sentido ecumênico adotado pela CNBB em outras oportunidades e faz associação da entidade ao que chama de “Estado socialista”. O vídeo é apresentado pelo vice-presidente do Centro, Alvaro Mendes.

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Já o bolsonarista Bernardo Küster, investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito das fake news, tem feito uma série de vídeos contra a Campanha. Os títulos dos vídeos demonstram o que se encontra no conteúdo: “URGENTE: Ministro Petista na Campanha da Fraternidade 2023”/ “Politização marxista na Campanha da Fraternidade 2023”/ A Campanha da Fraternidade mais PERIGOSA de TODAS.

Em suas redes, o seguidor de Olavo de Carvalho coloca que o sentido da Campanha é “Fortalecer a propagação da Teologia da Libertação no Brasil”. Para Küster as evidências disso são menções a Betinho (Hebert Souza), ativista de direitos humanos classificado por ele como guerrilheiro comunista, assim como a referência ao trabalho do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), encontradas na cartilha de divulgação da Campanha. O influencer católico também contesta os dados sobre a fome no Brasil que diz serem “mentirosos”.

O bolsonarista chega a divulgar o elogio do presidente Lula à CNBB como prova da relação de Lula com a Teologia da Libertação no sentido de uma “revolução comunista”.

O apelo dele pelo boicote à Campanha de solidariedade serviu para reunir hordas bolsonaristas nos comentários dos vídeos e das postagens. Mas além de polemizar se utilizando da fé e do combate à fome ao atacar uma instituição respeitada como a CNBB, Küster quer mesmo é vender livros e artigos religiosos em sua loja online e emplacar cursos. Para isso promove aulas online gratuitas para reunir seguidores sob o pretexto, agora, de identificar e combater os perigos da Campanha da Fraternidade no sentido de “livrar a sua paróquia dos inimigos da fé”.

Fraternidade e Fome

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou na quarta-feira (22) a Campanha da Fraternidade 2023. O tema deste ano é “Fraternidade e Fome” e visa alertar a população brasileira sobre a situação das mais de 33 milhões de pessoas que vivem em insegurança alimentar no país, de acordo com dados de 2022 revelados pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN).

O tema da Campanha, que desde 1964 marca o início da Quaresma, tem como lema este ano o trecho bíblico de Mateus 14, 16: “Dai-lhes vós mesmos de comer!”.

Durante o lançamento realizado na capela Nossa Senhora Aparecida, na sede da CNBB, em Brasília, foi transmitida uma mensagem do Papa Francisco direcionada aos brasileiros sobre o tema da fome.

*Com informações Metrópoles