Parecia terremoto, mas Gaza acordou sob bombardeio israelense

Um dia depois do secretário-geral da ONU exigir o fim de assentamentos ilegais de Israel em territórios palestinos, Gaza amanhece sob explosões.

A agressão israelense na Faixa de Gaza hoje, quinta-feira

Quem acordou nesta quinta-feira (23) na cidade de Gaza, aterrorizou-se diante dos tremores e ruído que pareciam a continuidade da onda de terremotos que teve epicentro entre a Turquia e a Síria, mas foram sentidos na Faixa de Gaza. Os palestinos traumatizados pela guerra, se enganaram; tão apavorante quanto, a cidade amanheceu sob bombardeio israelense.

Logo cedo, aviões de guerra israelenses lançaram uma série de ataques aéreos em locais pertencentes à resistência palestina em Gaza, em resposta a foguetes lançados do território palestino em direção aos assentamentos vizinhos. A resposta do Hamas teria sido dada aos disparos de oito mísseis israelenses na Faixa de Gaza na manhã de 13 de fevereiro, que destruiu um estúdio de filmagens de casamentos, além do ataque que matou pelo menos 11 palestinos na cidade ocupada de Nablus, na Cisjordânia.

Embora afirmem visar áreas militares ou de governo, as explosões sempre escolhem horários tranquilos durante o início da manhã ou tarde da noite para atingir a proximidade de áreas residenciais. Uma rotina constante que mantém os palestinos, desde criança, em permanente crise de ansiedade diante das explosões, destruição, mortes e ferimentos.

Tudo isso acontecendo apenas um dia depois do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, exigir o fim dos assentamentos israelenses nos territórios palestinos ocupados e condenar o “terrorismo”, em meio à violência renovada na Cisjordânia. “Cada novo assentamento é mais um obstáculo no caminho para a paz”, disse ele ao Comitê da ONU para o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestino.

Segundo fontes locais, aviões israelenses bombardearam um local militar pertencente às Brigadas Qassam, o braço militar do Hamas, a noroeste da cidade de Gaza, onde o bombardeio resultou em danos ao local e arredores.

Os aviões israelenses também atacaram um local militar no campo de refugiados de Al-Bureij, no centro da Faixa de Gaza.

Guterres admitiu que a situação “no território palestino ocupado é a mais explosiva em anos” em um contexto de um “processo de paz” israelense-palestino “bloqueado”. “Nossa prioridade imediata deve ser evitar uma nova escalada, reduzir as tensões e restaurar a calma”, disse o secretário-geral na presença do embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour, enquanto os mísseis caem sobre Gaza.

O porta-voz do Hamas Hazem Qassem diz à imprensa que a resposta à agressão israelense continuará. “Nosso povo em todas as arenas continuará sua revolução, apesar dos massacres da ocupação israelense, e nossa resposta à agressão continuará.”

Os territórios palestinos testemunharam um aumento da tensão desde o início do ano, o último vindo do assassinato de 11 palestinos em um ataque israelense na cidade de Nablus, na Cisjordânia ocupada na quarta-feira.

A incursão mortal provocou raiva em toda a Palestina, e uma greve geral que incluiu empresas, escolas e instituições governamentais foi anunciada para lamentar as vítimas. A resistência palestina tem sido cautelosa, com disparos de alerta e protesto contra as mortes na Cisjordânia para evitar uma escalada.

Analistas palestinos acreditam que a situação na Cisjordânia ocupada, mais do que em Gaza, vai piorar, especialmente com a chegada do mês sagrado muçulmano do Ramadã.

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