Sobre o que falam as escolas de samba do Rio, em 2023

Muitas homenagens e elegias. Mas tem também os bravos baianos independentes de Portugal, o cangaceiro Lampião, a primeira mulher negra a escrever um livro no Brasil e a música que vem da Bahia

Após os dois dias de desfile em São Paulo, o Rio de Janeiro se prepara para receber as Escolas de Samba do Grupo Especial na primeira noite neste domingo (18). Seis escolas desfilam na Marquês de Sapucaí na noite deste domingo (19) e outras seis na segunda-feira (20).

A Marquês de Sapucaí será palco de mais um espetáculo das escolas, que este ano vieram com enredos diversos. A grande expectativa está com a Grande Rio, que resolveu homenagear Zeca Pagodinho. Além dela, a Império Serrano também vai contar a história do grande Arlindo Cruz. A Viradouro também vem com um samba que deve levantar a arquibancada.

Mas tem também os sambas com temas de teor mais explicitamente críticos, como o da Salgueiro que fala de liberdade de expressão, a Imperatriz falando sobre o cangaceiro Lampião, a Beija-flor exaltando a soberania da Bahia contra Portugal, e a Viradouro falando sobre Rosa Courana, a primeira mulher negra a escrever um livro no Brasil.

Neste domingo

Império Serrano – às 22h

Enredo: “A emoção de um guerreiro, de um grande homem, dentro de uma grande escola”. Vai prestar homenagem a Arlindo Cruz e o seu amor a comunidade.

Grande Rio – 23h

Enredo: “Ô Zeca, o pagode onde é que é? Andei descalço, carroça e trem, procurando por Xerém, pra te ver, pra te abraçar, pra beber e batucar!”. Homenagem a Zeca Pagodinho e a Xerém. Destaque para o samba.

Mocidade Independente de Padre Miguel – às 00h

Enredo: “Terra de meu Céu, Estrelas de meu Chão”. Vai propor uma viagem ao Alto do Moura, em Caruaru, e homenagear o Mestre Vitalino.

Unidos da Tijuca – às 01h

Enredo: “É Onda Que Vai… É Onda Que Vem… Serei a Baía de Todos Os Santos a Se Mirar No Samba da Minha Terra”. Pretende trazer a história, musicalidade, beleza e cultura da Baía de Todos os Santos com um bom samba. O desfile falará dos tupinambás, caboclos, tal como os orixás e santos. 

Salgueiro – às 02h

Enredo: “Delírios de um paraíso vermelho”. Vai falar sobre a valorização da liberdade de expressão e mostrar como cada um pode construir o paraíso. Também vai homenagear o carnavalesco Joãosinho Trinta, numa autoreferência. 

Mangueira – às 03h

Enredo: “As Áfricas que a Bahia canta”. Trazendo a musicalidade como destaque, a Escola vai contar a história sobre o protagonismo feminino, racismo e como isso foi transformado em Carnaval. Irá destacar o protagonismo feminino e apresentar a musicalidade baiana com base nos cortejos afros.

Nesta segunda

Paraíso do Tuiuti – às 22h

Enredo: “O Mogangueiro da Cara Preta”. Vai narrar a história de como o búfalo chegou a Ilha de Marajó, no Pará. Será uma exaltação ao Pará e traz um samba que promete. 

Portela – às 23h

Enredo: “O azul que vem do infinito”. Vai contar o centenário da escola passeando pela história e os principais personagens. Mais uma autocelebração.

Vila Isabel – às 00h

Enredo: “Nessa festa eu levo fé”. Celebra a origem das festas religiosas mais famosas do Brasil e traz um samba que pode crescer na avenida.

Imperatriz Leopoldinense – às 01h

Enredo: “O aperreio do cabra que o Excomungado tratou com má-querença e o Santíssimo não deu guarida”. A Escola vai contar a história de quando Lampião morreu e foi para o inferno e para o céu, inspirada no cordel. O samba tem sido destacado pela ousadia.

Beija-Flor – às 02h

Enredo: “Brava Gente! O grito dos excluídos no bicentenário da Independência”. Ao contrário do que pensam, a Escola vai contar a história da Independência da Bahia, ao invés do Brasil. O samba defendido por Neguinho fará dueto com a contora Ludmila.

Viradouro – às 03h

Enredo: “Rosa Maria Egipcíaca”. Vai narrar a história da fascinante Rosa Courana, a primeira mulher negra a escrever um livro no Brasil, morta em 1771 sob cárcere da Inquisição. O samba tem sido celebrado como o mais ousado.