Internações por Covid-19 no Amazonas tem alta de 546%

O pesquisador da Fiocruz Jesem Orellana observou que em fevereiro houve um aumento repentino de 13 para 100 casos de pacientes internatos

Os testes devem ser feitos onde o vírus tem maior presença, no nariz e na garganta – Foto: Denise Guimarães/FOB USP

O epidemiologista Jesem Orellana, pesquisador da Fiocruz Amazônia, demonstrou preocupação com o aumento súbito de pacientes internados com Covid-19 no Amazonas.

De acordo com ele, em menos de 15 dias houve um aumento de 13 para cerca de 100 pacientes internados com a doença na rede hospitalar local em fevereiro. Ou seja, uma alta de 546% de internações.

“A situação é preocupante, pois mais da metade da população do Estado encontra-se com esquema vacinal em atraso para a primeira dose de reforço”, afirmou o pesquisador.

Outra observação feita por ele é que desde 7 de agosto do ano passado não era registrado um número tão alto, isto é, mais de seis meses.

Diante desse quadro, Orellana orientou o uso de máscaras em todos os ambientes para quem ainda se encontra com esquema vacinal em atraso.

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“Nesse caso, é crucial a intensificação dos cuidados preventivos, tais como uso de máscara em ambientes fechados e com aglomeração, como em eventos, transporte coletivo, manutenção do distanciamento social, higienização das mãos e atualização do esquema vacinal”, defendeu.

Para ele, o cenário é desfavorável por causa do pico do período chuvoso, retorno escolar e proximidade do Carnaval.

“Com toda a aglomeração que naturalmente a festa provoca, devem contribuir à elevação ainda maior de casos positivos e o consequente aumento de internações e possíveis óbitos evitáveis”, alertou.

Ele também criticou a subnotificações de casos em decorrência da vigilância epidemiológica e laboratorial considerada “ineficaz”.

“Há necessidade de termos em mente que a pandemia de Covid-19 ainda não acabou e que estamos mergulhados em um dos poucos lugares do país em que se observa nova alta de casos”, criticou.

“É realmente lamentável, sobretudo se considerarmos o lento e o nada empolgante processo de vacinação com as doses da vacina bivalente (fundamental, sobretudo aos grupos de maior risco) e o constrangedor silêncio e conivência de diferentes atores da sociedade amazonense”, completou em seguida.

Jesem Orellana (Foto: Reprodução)

Contramão

Na avaliação dele, o Amazonas está na contramão de um quadro nacional mais promissor. Para se ter ideia, houve a divulgação no último domingo (19) que, pela primeira vez, em 24 horas, o Brasil não registrou mortes causadas pela covid-19.

Para justificar essa análise, o cientista destacou recente relatório da Fiocruz no qual registrou aumento na tendência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na capital e no interior. “Aliás, um dos raros exemplos de retomada da epidemia, em 2023, no nível estadual e na sua respectiva capital”, disse.

“Portanto, os dados de aumento súbito nas internações de pacientes com Covid-19 no Amazonas, são a prova de que o estado está na contramão de um panorama mais geral no país. Ademais, a franca retomada da epidemia no Amazonas, mostra que o estado segue sem extrair aprendizados sanitários efetivos e, portanto, como péssimo exemplo”, observou.

Sobre a aplicação de doses de reforço bivalentes, ele disse que isso já deveria ter sido feito pelo governo Bolsonaro, pois as duas vacinas bivalentes da Pfizer contra a Covid-19 foram aprovadas pela Anvisa em novembro de 2022.

Disse que a bivalente já está sendo aplicada em Manaus com “irrecuperável atraso” e vai ajudar na proteção dos grupos prioritários (idosos, gestantes e puérperas, pacientes imunocomprometidos, trabalhadores de saúde e indígenas, por exemplo).

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