Ministro da Previdência Social visita sindicalistas e assume compromissos

Carlos Lupi esteve com sindicalistas na sede da CTB, em São Paulo, onde recebeu reivindicações da classe trabalhadora. Falou sobre INSS, fundos de pensão e “trabalho” por aplicativos.

Ministro Carlos Lupi com dirigentes da CTB. Foto: Divulgação/CTB

Em visita à sede nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), na capital paulista, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi recebeu demandas do movimento sindical e assumiu compromissos com os dirigentes sindicais. O encontro ocorreu na última quinta-feira (16).

Na ocasião, o ministro recebeu um documento com as principais pautas de luta da CTB sobre a classe trabalhadora. Dentre elas, a solicitação de um mutirão no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), na tentativa de zerar a fila do órgão. Hoje, são estimados que 1,7 milhão de pessoas aguardam soluções.

Os dirigentes ainda demandaram a adoção de protocolos médicos adequados no órgão, a valorização dos profissionais e dos salários dos funcionários do INSS, a realização de concurso público, a retomada do coeficiente de 100% para o benefício de pensão por morte e combater a sonegação das contribuições previdenciárias por empresários inescrupulosos.

O presidente interino da CTB, Renê Vicente, destacou em sua fala, o combate ao que ele chama de “tripé maléfico para a classe trabalhadora” adotados nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, como a terceirização de mão-de-obra e as reformas trabalhista e da Previdência.

“Uma das principais lutas que nós travamos nos últimos anos é a defesa da Previdência. Essa luta é por um país democrático, soberano e inclusivo. Nós entendemos que a Previdência Social tem uma função primordial na distribuição de renda e no bem-estar do povo. Assim como o senhor, nós entendemos que nós devíamos revogar essa ‘deforma’ da Previdência. A gente precisa ter estrutura e força política para fazer com que a nossa vontade seja feita. Precisamos restaurar a Previdência pública, que dê uma perspectiva de aposentadoria para as futuras gerações. Queremos viver após o trabalho, após ter contribuído. O que nós queremos é fomentar o debate para que nós possamos resgatar o país no rumo do desenvolvimento econômico, com valorização do trabalho e distribuição de renda”, salientou o dirigente.

Ao pontuar o desafio do novo governo em restituir as conquistas dos trabalhadores, a diretora executiva da CTB e presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Unidades de Educação Infantil da Rede Direta e Autárquica (Sedin), Claudete Alves, clamou pela unidade.

Para ela, é necessário somar todos os esforços e estabelecer diálogo com ministros do setor econômico e com a Casa Civil. “Esse jardim da democracia, que todos nós plantamos com flores, tem arbustos e ervas daninhas. A gente tem que lidar com tudo isso. Se nós, devido à conjuntura, às dificuldades e a estarmos governando com uma maioria que não faz parte da base aliada, não colocarmos as nossas questões e não fortalecermos aqueles que ousam interlocutar o nosso pensamento, não terá valido a pena todo o esforço que nós fizemos [para eleger Lula]”, comparou a professora.

Fórum para debater Previdência

Ministro fala com dirigentes da CTB

Diante dos mais variados questionamentos, o ministro Lupi se mostrou disposto a dialogar, mas pediu “união” com a CTB para que seja criado um fórum permanente de discussão da Previdência com as pastas do governo e o Congresso Nacional.

“Eu não tenho o poder de derrubar a antirreforma. Gostaria de ter, mas não tenho. Agora, eu tenho o direito de levar essa discussão a um fórum da previdência com os ministros de Estado.

Para o ministro, são grandes os desafios na área. “Vocês viram que a gama de problemas é imensa. Cada um já deu a dimensão do tamanho da melancia azeda que eu vou ter que abrir”, disse Lupi.

O INSS é o maior programa de Previdência Social da América Latina, com mais de 37,5 milhões de beneficiários, responsáveis por movimentar mais a economia do que o Fundo de Participação dos Municípios em 70% das cidades brasileiras.

No entanto, disse o ministro, o órgão foi alvo de um ataque promovido pelos tubarões do mercado financeiro, apoiados pelos governos ultraliberais que dominaram o país desde o golpe de 2016, com o interesse de favorecer a previdência privada.

“No ano passado, o custo da Previdência para o governo foi de R$ 800 bilhões. É um valor grande? É! Mas R$ 800 bilhões foi o dinheiro que o governo pagou em 2022 de juros e serviços da dívida interna e externa. A gente tem que escolher lado. Ou a gente está ao lado de mais de 37,5 milhões de brasileiros que se sustentam com a Previdência ou está ao lado de cem banqueiros que se sustentam com o dinheiro público”, proferiu.

O ministro disse que vai mudar isso. “O INSS há 10 anos tinha 30, 32 mil funcionários. Hoje tem 19 mil. Existia quase 6,5 mil médicos peritos. Hoje tem 3,7 mil. Por quê? Era estratégico para destruir o Estado, destruir o direito do trabalhador. Nós temos que reverter isso”.

“Nós vamos transformar o INSS”

Só que para essa mudança, disse o ministro, será preciso a união das centrais. Lupi pediu o apoio dos sindicalistas para criar um fórum permanente no Congresso Nacional de discussão da previdência pública”.

“Nós estamos remando contra uma onda, e não é no Brasil. É no mundo. Essa direita raivosa tomou conta em vários países importantes do mundo e a gente não vai derrotá-los apenas com palavras e sim com união, articulação política e inteligência”, ressaltou o ministro, ao se dizer “aliado” e pedir “um voto de confiança” da classe trabalhadora.

Entre os compromissos firmados pelo ministro Carlos Lupi está o de tentar recuperar R$ 400 bilhões devidos à Previdência por empresários sonegadores de receitas.

Outro ponto de enfrentamento são os banqueiros, que ganharam bilhões de reais em privatizações e empréstimos aos aposentados e pensionistas. “Eu vou suspender todas as decisões tomadas sobre fundos de pensão para analisar”, garantiu.

Empresas de aplicativos são ‘trabalho análogo ao de escravo’

O ministro informou ainda que irá combater a exploração das empresas por aplicativos e isto pode significar mais 20 milhões de pessoas inclusas na Previdência.

“Isso é exploração. É trabalho análogo ao de escravo. Você tem uma marca e ganha dinheiro com o trabalho do outro, ou não é isso? Se não tiver Previdência não recebe. Então, a gente tem que discutir isso com a sociedade”, sugeriu Lupi.

Ministro recebeu das mãos dos diretores da CTB, as demandas prioritárias da classe trabalhadora. Foto: Divulgação/CTB

Ao final do evento, o ministro protocolizou e assinou a carta de reinvindicações da CTB e encaminhou parte das demandas de sindicalistas para adoção de medidas imediatas pelo presidente do INSS, Glauco André Fonseca Wamburgo, que o acompanhou na reunião.

Com informações do site da CTB.

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