MAB rechaça oferta de R$ 8,1 bilhões da Vale S/A a atingidos pela lama em Mariana

Movimento dos Atingidos por Barragem acha valor irrisório diante de tudo o que ainda falta fazer para as vítimas

Distrito de Bento Rodrigues, na zona rural de Mariana, foi destruído pela lama - Foto de Antônio Cruz - Agência Brasil

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), rechaçou a oferta anunciada pela Fundação Renova, da Vale S/A e BHP Billiton, de destinar R$ 8,1 bilhões em 2023 para ações socioambientais, indenização e reassentamento dos atingidos pelo rompimento da barragem em Bento Rodrigues, distrito de Mariana, na região Central de Minas, por não atender as demandas dos afetados pelo mar de lama ocorrido em 5 de novembro de 2015.

“Nos parece que, do ponto de vista ambiental, são valores muito irrisórios. Em relação aos reassentamentos, temos o seguinte cenário: no reassentamento de Bento ainda faltam metade das casas, e nos reassentamentos de Gesteira e Paracatu falta tudo. Ou seja, 8 bilhões anual não atende as demandas. Do ponto de vista mais geral, todo o orçamento empenhado é insuficiente”, disse ao G1 Heider Boza, integrante da coordenação nacional do MAB.

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Conforme a Renova, com os R$ 8,1 bilhões o total gasto desde novembro de 2015 deve chegar a cerca de R$ 36 bilhões em dezembro de 2023. Cerca de 5,31 bilhões, 65% do valor total orçado, serão destinados ao pagamento de indenizações e reassentamento das vítimas. Já o valor para pagamento de indenização e auxílio financeiro emergencial é de R$ 3,67 bilhões. Até dezembro de 2022, 409,4 mil pessoas receberam um total de R$ 13,5 bilhões em indenizações e auxílios financeiros emergenciais, segundo a Renova.

Até dezembro de 2022, conforme a Renova, 209 das 568 famílias com moradias afetadas pelo rompimento tiveram seus casos solucionados com a mudança para novos imóveis ou indenizações. O valor destinado este ano as ações socioambientais na bacia do rio Doce será de R$ 876 milhões, sendo R$ 273 milhões para ações de recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e recarga hídrica (ARH) e recuperação de nascentes.

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“Nesses setes anos fica notório que os gastos aplicados são pouco eficientes e não representam resultados concretos no restabelecimento social e econômico das comunidades, muito menos do ponto de vista ambiental. Uma visita ou consulta rápida a algumas comunidades pode nos mostrar a falta de resultados perante o grau de investimentos feitos até o momento”, afirmou Heider Boza.

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