CNJ afasta juíza bolsonarista por negligenciar trabalho e atacar STF

Ludmila Lins Grilo ficou conhecida por defender aglomerações durante auge da pandemia de covid-19 e ‘ensinar’ como burlar utilização de máscara.

Olavo de Carvalho e Ludmila Lins Grilo. Foto: Reprodução Redes Sociais.

A juíza responsável pela Vara Criminal, de Júri e de Infância e Juventude de Unaí (MG), Ludmila Lins Grilo, teve o afastamento provisório determinado por unanimidade pelo plenário do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) na terça-feira, (14). O afastamento se dá por indícios de negligência com o trabalho e pelos ataques proferidos à Justiça em suas redes sociais, em especial a membros do Supremo Tribunal Federal.

Foram abertos dois Processos Administrativos Disciplinares (PAD), um por não cumprir deveres básicos como juíza e outro pelas críticas dirigidas aos ministros de cortes superiores.

O relatório do corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, coloca que Ludmila “não cumpriu seus deveres básicos, deixando de comparecer ao Fórum mesmo tendo o teletrabalho expressamente negado pelo tribunal, negligenciando a gestão do cartório e deixando de fiscalizar os atos de seus subordinados”, de acordo com o CNJ.

Além disso, é colocado que “a magistrada tem intensa atividade nas redes sociais, utilizando a visibilidade para a participação em cursos em plataformas virtuais, constantemente se manifestando sobre questões político-partidárias, com ásperas críticas dirigidas a ministros de cortes superiores, além de comentar as decisões desses colegiados e processos em andamento.”

Estas não são as primeiras situações polêmicas em que a juíza se envolveu. Ludmila já tem duas sindicâncias abertas, indica o CNJ: uma sobre a participação em uma empresa e outra para apurar suposta morosidade processual, ausência de respostas a ofícios encaminhados pela Corregedoria local, ausência da magistrada em horário de expediente forense e falta de comprometimento com a prestação jurisdicional.

Utilização das redes

Discipula de Olavo de Carvalho, a juíza bolsonarista demonstra a todo momento suas ideias político-partidárias. Em suas redes, publicou conteúdo com imagem dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso com a frase “perseguidores-gerais da República”.

A juíza também deu entrevista para a Rádio Jovem Pan, em 25 de dezembro de 2020, em que falou contrariamente ao inquérito das fake news com argumentação que fere a ética e o decoro, diz o Conselho.

Em outras oportunidades também utilizou as redes para criticar decisões do STF e participou de congresso com conotação política. 

Em 2021, Ludmila Lins Grilo ficou conhecida por defender aglomerações durante o Ano Novo, auge da pandemia de Covid-19. Dias depois utilizou as redes sociais para “ensinar” seguidores a burlar a utilização da máscara de proteção contra a disseminação do vírus. No vídeo a juíza toma sorvete em um shopping e ironiza a medida que era obrigatória.

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