Dilma tem aval dos países e vai presidir Banco dos Brics

Economista deve estar com Lula em Pequim em março, quando já estará comandando o banco de desenvolvimento multilateral até 2025.

Nova presidenta do Banco dos BRICS, Dilma com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi e os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, da China, Xi Jinping, e da África do Sul, Jacob Zuma, durante seu governo em 2014.

O Brasil já tem o aval dos outros países membros para o comando do Banco dos BRICS pela ex-presidenta Dilma Rousseff, primeira mulher brasileira a dirigir um banco multilateral. Assim, o diplomata Marcos Troyjo deixa o cargo ainda este mês. Indicado por Jair Bolsonaro, ele teria mandato até 2025, mas já foi deslocado para o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo.

Por indicação do Governo Lula, Dilma Rousseff presidirá a instituição criada em 2014, e que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O Banco dos Brics foi criado em 2014, quando a petista era presidente.

Lula quer que Dilma já esteja como presidente da instituição, quando ele visitar a China, em março. A ex-presidente vai morar em Xangai. Comandará o banco até 2025.

O NBD (Novo Banco de Desenvolvimento) visa financiar obras para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos países que compõem o colegiado de economias emergentes.

Atualmente a instituição financeira tem uma carteira que soma US$ 32,8 bilhões financiados em 96 projetos pelo mundo. A meta, segundo relatório divulgado banco, é investir mais cerca de US$ 30 bilhões até 2026.

À frente do NDB, Dilma terá como missão mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos Brics e em outras economias emergentes e países em desenvolvimento. No total, o Brasil já recebeu mais de US$ 5 bilhões do NBD desde sua fundação. A China lidera esse ranking com mais de US$ 8 bilhões. 

O foco do banco é o financiamento de projetos de energia limpa e eficiência energética, infraestrutura de transportes, saneamento básico, proteção ambiental, infraestrutura social e digital. Tanto empresas privadas quanto órgãos públicos podem ter empréstimos aprovados pelo Banco dos Brics.

No Brasil, foi aprovado no ano passado um empréstimo para a prefeitura de Aracaju investir um valor de US$105 milhões para obras de saneamento básico, drenagem, pavimentação e recuperação de vias.

O NDB também aprovou um investimento de US$ 300 milhões para a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) realizar obras. Outro recurso destinado ao Brasil foi um valor de US$ 100,15 milhões para a Companhia Energética de Brasília (CEB) investir em lâmpadas de LED da iluminação pública da capital federal e construir uma usina solar fotovoltaica.

Recentemente a instituição admitiu como novos membros Bangladesh, Emirados Árabes Unidos, Egito e Uruguai.

O NDB é um dos oito grandes bancos de desenvolvimento mundiais, ao lado de órgãos como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Europeu de Investimento, Banco Africano de Desenvolvimento, Banco Asiático de Desenvolvimento, Banco Mundial, entre outros.

Segundo publicou o jornal Valor Econômico, o NBD é o banco multilateral em que o Brasil tem a maior quantidade de ações (20%). No BID, por exemplo, sua fatia é de 11,35%, e no Banco Mundial de 2,21%. Dono de um quinto da participação no banco, o país é sócio paritário ao lado de algumas das maiores economias mundiais como China e Índia.

Trajetória épica

Vitoriosa em duas disputas presidenciais, Dilma sofreu impeachment em 2016 e, desde então, não voltou a ocupar cargos públicos. Ela sofreu inúmeros inquéritos inconsistentes, dos quais foi inocentada. Em 2018, ela disputou o Senado por Minas Gerais e obteve 2,5 milhões de votos (15,17%), ficando na quarta posição.

Em sua trajetória política se destacam o fato de ter sido presa política na luta contra a ditadura militar, em 1970, quando foi torturada por 22 dia e cumpriu três anos de prisão. Formou-se em economia em 1977 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Desde então, teve várias participações em mandatos do PDT-RS, chegando a comandar a Secretaria da Fazenda da Prefeitura de Alceu Collares em Porto Alegre, a partir de 1985

Em 1990, Alceu Collares foi eleito governador, indicando Dilma para presidir a Fundação de Economia e Estatística (FEE). Permaneceu ali até fim de 1993, quando foi nomeada Secretária de Energia, Minas e Comunicações. Em 1998, o petista Olívio Dutra ganhou as eleições para o governo gaúcho com o apoio do PDT no segundo turno, e Dilma retornou à Secretaria de Minas e Energia. 

Na sua gestão na Secretaria de Minas e Energia do governo Dutra, a capacidade de atendimento do setor elétrico subiu 46%,[26] com um programa emergencial de obras que reuniu estatais e empresas privadas. Em janeiro de 1999, Dilma viaja a Brasília e alerta as autoridades do setor elétrico de que, sem investimentos em geração e transmissão de energia, os cortes que o Rio Grande do Sul enfrentara no início de sua gestão ocorreriam no resto do país.[29] Na crise do apagão elétrico no final do governo Fernando Henrique Cardoso, os três estados da Região Sul não foram atingidos, não sendo imposto qualquer racionamento, pois não houve estiagem na região.

Lula, eleito em 2002, escolheu Dilma para assumir o Ministério das Minas e Energia. Ela também foi nomeada presidente do Conselho de Administração da Petrobras, cargo que exerceu até março de 2010.

Dilma defendeu uma nova política industrial para o governo, fazendo com que as compras de plataformas pela Petrobras tivessem um conteúdo nacional mínimo. Argumentou que não era possível que uma obra de um bilhão de reais não fosse feita no Brasil. As licitações para as plataformas P-51 e P-52 foram, assim, as primeiras no país a exigir um conteúdo nacional mínimo.

Sua gestão no ministério foi marcada pelo respeito aos contratos da gestão anterior, como pelos esforços em evitar novo apagão, pela implantação de um modelo elétrico menos concentrado nas mãos do Estado e pela criação do programa Luz Para Todos. Era convicta de que investimentos urgentes em geração de energia elétrica deveriam ser feitos para que o país não sofresse um apagão já em 2009.

Em 2005, o presidente Lula indicou Dilma para comandar o Ministério da Casa-Civil, tornando-se a primeira mulher a assumir o cargo na história do país. Dilma era considerada pelo governo Lula a gerente do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Em abril de 2009, Dilma revelou que estava se submetendo a um tratamento contra um linfoma (câncer do sistema linfático), do qual foi curada em setembro.

Durante a campanha eleitoral de Lula, Dilma participou com destaque de vários atos, sempre saudada pelo público como “guerreira do povo brasileiro”. 

Desde a vitória de Lula, Dilma tem participado de cerimônias em Brasília e chegou a discursar na posse do ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias.