Desmatamento da Amazônia Legal cai 61% em janeiro

De 430 quilômetros quadrados em 2022, o desmatamento caiu a 167 quilômetros quadrados, a quarta menor marca para o mês, desde 2015.

Áreas de desmatamento no município de Careiro da Várzea, no Amazonas próximo às Terras Indígenas do povo Mura (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

A área agregada de desmatamento na Amazônia Legal, em janeiro, teve redução de 61% em relação ao registrado no mesmo mês do ano passado. De 430 quilômetros quadrados em 2022, o desmatamento caiu a 167 quilômetros quadrados (uma área do tamanho da cidade de Natal).

Os dados preliminares foram divulgados hoje (10) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com base nos alertas feitos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter).

O Deter é um levantamento rápido de alertas de evidências de alteração da cobertura florestal na Amazônia, feito pelo Inpe. Em sua série histórica, desde 2015, esta é a quarta menor marca para o mês. 

No ano passado, janeiro e fevereiro acumularam recordes de desmatamento, o que é ainda mais chocante por serem meses de menos desmate. Normalmente, o período entre dezembro, janeiro, fevereiro e março equivale à estação chuvosa na maioria dos estados do bioma. Especialistas avaliam que isso ocorreu devido à perspectiva eleitoral de um novo governo, com maior fiscalização ambiental.

Apesar dessa queda pontual, o desmatamento na Amazônia cresceu 59,5% durante os quatro anos de governo Bolsonaro, a maior alta percentual num mandato presidencial desde o início das medições por satélite, em 1988.

A Amazônia Legal equivale a uma área de 5 milhões de quilômetros quadrados, o que corresponde a 59% do território brasileiro, espalhados pelos estados do Acre, do Amapá, do Amazonas, do Mato Grosso, do Pará, de Rondônia, de Roraima, de Tocantins e parte do Maranhão.

No último mês, o Ministério da Justiça prorrogou até o dia 12 de julho de 2023 o uso de agentes da Força Nacional de Segurança Pública em toda a Amazônia Legal. Além de ajudar a combater incêndios florestais e queimadas na região, a Força Nacional está apoiando as ações de fiscalização e de repressão ao desmatamento ilegal e demais crimes ambientais.

Segundo o instituto, “o sistema dá suporte à fiscalização e controle de desmatamento e da degradação florestal realizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e demais órgãos ligados a esta temática”.

O Deter não é o dado oficial de desmatamento, mas alerta sobre onde o problema está acontecendo. Ele captura parte das alterações ocorridas, devido à menor resolução das imagens/sensores utilizadas e também as restrições de cobertura de nuvens. Por isso, os dados podem ser revisados.

A base de referência para a medição do desmatamento no país é realizada pelo Prodes (Projeto e Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), cuja base de dados é considerada mais confiável, com um nível de precisão próximo a 95%.

Atualmente, três sistemas monitoram a Amazônia Legal, cada um com uma função diferente. Além do Prodes e do Deter, o Inpe usa também o Sistema de Detecção de Exploração Seletiva (Detex).