Governo turco garante abrigo em hotéis para atingidos por terremoto

O número de mortos ultrapassou 11.200 pessoas e ainda pode aumentar drasticamente se os piores temores dos especialistas forem concretizados.

Presidente turco Erdogan garante abrigo imediato e construção de moradia para atingidos pelo terremoto

Equipes de resgate correm para retirar sobreviventes dos escombros do terremoto, enquanto o tempo se esgota para dezenas de milhares soterrados. O frio, as dificuldades de acesso e a guerra na Síria tornam lentos os avanços. Os terremotos de magnitude 7,8 e 7,6 ocorridos na segunda-feira em parte da Turquia e da Síria, continuaram com centenas de tremores menores, que abalam ainda mais os prédios que continuaram de pé.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que 13 milhões dos 85 milhões de habitantes do país foram afetados e declarou estado de emergência em 10 províncias. O estado de emergência amplia os poderes do presidente, que não precisa recorrer ao Parlamento.

Erdogan visitou Kahramanmaras nesta quarta-feira (8) e anunciou planos para ajudar os sobreviventes do terremoto. Com isso, obrigou os hotéis fechados para o inverno reabrirem para abrigar as famílias atingidas. A maior está abrigado em igrejas e tendas precárias para se aquecer.

“Atualmente, realizamos reuniões com hotéis em regiões como Antalya, Alanya, Mersin. Se houver quem queira ficar em hotéis, estamos prontos para acomodar os nossos cidadãos”.

Ele afirmou que construirão e entregarão moradias em massa para aqueles cujas casas forem destruídas dentro de 1 ano. Também prometeu 10 mil liras (cerca de R$ 2.800 ou US$ 530) de apoio às famílias afetadas por terremotos. Hoje estamos mais confortáveis, amanhã estaremos mais confortáveis.

“Não permitiremos que os cidadãos fiquem desabrigados”, disse Erdogan. “A autoridade habitacional do estado fará o que for necessário.” O governo precisa lidar com o desafio de que as pessoas evitam entrar em edifícios com medo deles também caírem.

A mesma atenção não tem os desabrigados da Síria, que encontra-se dividida por uma guerra civil. O bloqueio armado de territórios dominados por rebeldes e por governistas de Bashar Al-Assad, tornam inviável o envio de ajuda humanitária e equipes de resgate.

Para piorar, as cidades sírias que já estavam destruídas pela guerra, foram reconstruídas de maneira precária e rápida. As condições estruturais frágeis tornaram a devastação ainda maior.

Na Turquia, muitas áreas não desabaram completamente ou, ao menos, permitiram a fuga das famílias, devido as condições construtivas dos prédios. Desde o último terremoto, o governo turco recrudesceu a fiscalização sobre a construção segura de edifícios. A maioria dos que caíram são de antes do novo ordenamento urbano.

Tempo esgotando

Autoridades e médicos disseram que 8.574 pessoas morreram na Turquia e 2.662 na Síria, elevando o total para 11.236. Mas isso ainda pode aumentar dramaticamente se os piores temores dos especialistas forem concretizados.

A esperança de resgatar mais pessoas sob os escombros agora está diminuindo, com o passar do tempo desde o terremoto antes do amanhecer de segunda-feira, o maior na Turquia desde 1939, quando cerca de 33.000 pessoas morreram na província de Erzincan, no leste.

O chefe da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que o tempo está se esgotando para os milhares de feridos e aqueles que ainda estão presos.

Na Síria, pelo menos 1.280 pessoas morreram no noroeste controlado pela oposição, com mais de 2.300 feridos, de acordo com os socorristas voluntários conhecidos como Capacetes Brancos. O governo sírio registrou mais 1.250 mortes.

A equipe de resgate, também conhecida como Defesa Civil da Síria, disse no Twitter que o número de vítimas deve “aumentar significativamente devido à presença de centenas de famílias sob os escombros, mais de 50 horas após o terremoto”.

Equipes de busca de mais de 20 países se juntaram a mais de 24.000 equipes de emergência turcas e as promessas de ajuda chegaram.

Mas entre aqueles cujos parentes ainda estavam sob os escombros, a ajuda demorou a chegar.

Em Gaziantep, equipes de resgate corriam contra o tempo para encontrar sobreviventes. Infelizmente, está já é uma operação de recuperação, não mais de resgate. Não se ouve mais vozes sob os escombros.

Preso no frio

Mesmo para os sobreviventes, o futuro parece sombrio. Muitos se refugiaram de tremores implacáveis, chuva fria e neve em mesquitas, escolas e até pontos de ônibus, queimando destroços para se manterem vivos.

Em Gaziantep, onde ressoam violentos tremores secundários, as lojas estão fechadas, não há calor porque os canos de gás foram cortados para evitar explosões e encontrar gasolina é difícil.

Apenas as padarias permanecem abertas, atraindo longas filas.

Alguns dos piores danos na província homônima de Gaziantep ocorreram nos distritos mais remotos, onde centenas de prédios desabaram.

Com o aeroporto e muitas estradas fora da cidade bloqueadas, as tentativas de fugir da cidade foram frustradas.

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