Lula diz que Bolsa Família exigirá vacinação infantil

No Rio de Janeiro, Lula falou sobre condicionantes para benefício, entre as quais manter a imunização das crianças em dia, e criticou Bolsonaro por ataques às vacinas

Lula e a ministra Nísia Trindade (Saúde), na inauguração do Super Centro Carioca de Saúde. Foto: Ricardo Stuckert

Para reverter o negacionismo bolsonarista que levou a uma profunda piora nos índices de vacinação no Brasil nos últimos anos, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem tomado medidas e reforçado o discurso de estímulo à imunização. Nesta segunda-feira (6), Lula pediu que os pais vacinem seus filhos e afirmou que a imunização em dia voltará a ser exigência para a manutenção do pagamento do Bolsa Família. 

“O Bolsa Família está voltando e volta com uma coisa importante, volta com condicionantes. Quais são? Primeiro, as crianças de até 6 anos de idade vão receber R$ 150 reais a mais. Segundo, as crianças têm que estar na escola. Se não estiverem na escola, a mãe perde o auxílio. Terceiro, as crianças têm que ser vacinadas. Se não tiverem atestado de vacina, a mãe perde o benefício”, afirmou Lula.

Outro ponto exigido é que as beneficiárias que estejam grávidas estejam em dia com seus exames. Lula salientou que elas deverão “fazer todos os exames que a medicina exige para que ela possa ter uma criança que nasça robusta, forte e bonita como eu”. 

Durante a gestão de Bolsonaro, as condicionantes para que uma pessoa pudesse ter direito ao benefício deixaram de ser exigidas.

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Em contraposição à postura do ex-presidente Bolsonaro, que costumava desqualificar as vacinas contra Covid e as orientações da ciência, Lula declarou: “Agora vai começar a campanha do Zé Gotinha. A gente não pode vacilar, não pode brincar. É uma questão da ciência. Eu, se tiver dez vacinas da Covid, cinquenta, para tomar, eu tomo quantas forem necessárias, porque eu gosto da minha vida. Eu acho que cada um tem que gostar da vida dos seus filhos, levar as crianças [para vacinar] na idade certa”. 

Lula disse ainda que “nós tivemos nos últimos tempos a maior campanha que já vi alguém fazer do negacionismo de uma vacina. Nunca imaginei um presidente mentindo tão descaradamente sobre os benefícios de uma vacina”. 

Na busca por fazer com que o Brasil avance e recupere a ampla cobertura vacinal, área na qual o país já foi referência antes da onda negacionista e do bolsonarismo, Lula salientou: “Eu desejo que todo mundo cuide da vacina. Hoje, além da propaganda, é preciso convencer as pessoas. É preciso convencer o pai e a mãe que a criança tem que tomar vacina para o bem da criança, para o bem da família”. 

As declarações de Lula foram feitas durante a inauguração do Super Centro Carioca de Saúde, no Rio de Janeiro, que teve ainda as presenças da ministra da Saúde, Nísia Trindade, do prefeito Eduardo Paes e do governador Cláudio Castro.

Pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que, nos últimos anos, a taxa de vacinação infantil caiu de 93,1% para 71,49%, o que levou o Brasil a deixar posição de destaque nessa área para figurar entre os dez países com menor cobertura vacinal do mundo. Com isso, doenças que estavam erradicadas ou controladas, como sarampo, poliomielite, meningite, rubéola e a difteria, voltaram a acometer as crianças, mesmo havendo vacina e estrutura de aplicação suficientes pelo país.