Sob Bolsonaro, Brasil acumulou fila de 134 mil pedidos de refúgio 

Para além da realidade de cada país, estrutura de servidores destinada à analise dos pedidos foi cortada em 20% e hoje são apenas 58 funcionários em todo o país

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A fila de estrangeiros que aguardam análise de seus pedidos de refúgio no Brasil nunca foi tão grande quanto agora. Ao todo, são 134 mil pessoas nessa situação, maior contigente já contabilizado pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), criado nos anos 1990 e ligado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. 

Conforme relatado por Jamil Chade no portal UOL, além da situação envolvendo os países de origem — como Haiti, Venezuela e Afeganistão —, a grande quantidade de pedidos acumulada tem relação com o desmonte da estrutura pública e a questões ideológicas ocorridas durante o governo de Jair Bolsonaro. 

De acordo com a presidente do Conare, Sheila de Carvalho, nos últimos quatro anos houve corte de 20% nos efetivos responsáveis por fazer as entrevistas com os refugiados, de maneira que hoje há apenas 58 funcionários públicos alocados nessa função em todos o país. 

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“Um dos obstáculos foi a transformação do refúgio, sob o governo Bolsonaro, em um instrumento de guerra ideológica, principalmente ao usar o fluxo de venezuelanos para atacar governos de esquerda, segundo a chefe do órgão oficial”, aponta a reportagem. Conta ainda para esse cenário o efeito de leis e portarias que dificultaram o trabalho junto a estrangeiros. 

Sheila explica que o desafio hoje é criar uma política de refúgio, já que por semana cerca de 800 pessoas cruzam a fronteira em direção ao país. Em 2010, a fila era de apenas 610 pessoas. Em dez anos, entre 2011 e 2021, o Brasil recebeu quase 300 mil solicitações de refugiados, mas nunca foi tão grande o número de pessoas aguardando autorização das autoridades brasileiras. 

(PL)

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