Papa Francisco afirma que “ser homossexual não é crime”

Em entrevista, o pontífice defendeu ainda a descriminalização da homossexualidade. Esta é mais uma das declarações avançadas do Papa sobre direitos sociais.

Papa Francisco no documentário sobre ele. Foto: Divulgação

O Papa Francisco disse, em entrevista à Associated Press nesta quarta-feira (25), que “ser homossexual não é crime” e defendeu a descriminalização da homossexualidade, afirmando que a Igreja Católica deve atuar para acabar com essas “leis injustas”.

“Ser homossexual não é crime”, afirmou o Papa. “Não é crime. Sim, mas é um pecado. Tudo bem, mas primeiro vamos distinguir um pecado de um crime”, exemplificando que “faltar à caridade uns com os outros” é um tipo de pecado, declarou na entrevista.

“Somos todos filhos de Deus, e Deus nos ama como somos e pela força com que cada um luta pela nossa dignidade”, proferiu na entrevista. Ele atribuiu as atitudes incriminadoras à comunidade homossexual como de origem cultural e disse que os bispos em particular precisam passar por um processo de renovação para reconhecer a dignidade de todos. “Estes bispos devem passar por um processo de conversão”, disse ele, acrescentando que os religiosos devem usar “ternura, por favor, como Deus tem por cada um de nós”.

Segundo a publicação, de acordo com a organização The Human Dignity Trust, que luta pelos direitos da comunidade, cerca de 67 países ou jurisdições em todo o mundo criminalizam a atividade sexual consensual entre pessoas do mesmo sexo, 11 dos quais podem ou impõem a pena de morte.

Em outra ocasião, o religioso havia defendido que homossexuais “sejam aceitos com respeito, compaixão e sensibilidade” e que “todo sinal de discriminação injusta deve ser evitado”. Numa palestra com pais, o Papa aconselhou que os responsáveis por crianças gays não devem condená-las, mas oferecer-lhes apoio, como de um profissional, um psicólogo.

Em um trecho do documentário “Francesco” de 2021 que mostra a rotina do Papa e seu envolvimento com causas sociais, Francisco fala sobre a necessidade de apoiar a criação de leis que protejam a união civil entre pessoas do mesmo sexo.

“Os homossexuais têm o direito de estar em uma família. São filhos de Deus e têm direito a uma família. O que temos de fazer é criar uma lei de uniões civis. Assim, eles estão legalmente cobertos. Eu apoiei isso”, diz o papa Francisco no filme lançado essa semana em Roma.

O diretor do documentário é o premiado cineasta russo, naturalizado norte-americano, Evgeny Afineevsky, autodeclarado judeu e gay. O filme mostra a vida de Jorge Mario Bergoglio como Cardeal até chegar ao papado e sua influência como pontífice.

Nos últimos quase dez anos de pontificado, o Papa tem sido vanguardista em vários assuntos polêmicos pela comunidade religiosa. Em 2013, seu primeiro ano à frente da Igreja Católica, Francisco afirmou que não iria rejeitar homossexuais que buscassem o conforto de Deus. “Quem sou eu para julgar?”, disse à época. A opinião surpreendeu a todos, mas também levou esperança à comunidade LGBTQIA+.

Em relação ao casamento gay, até o momento, a posição oficial do Vaticano continua sendo a que foi estabelecida em 2003, durante o pontificado de João Paulo II. “A Igreja ensina que o respeito para com as pessoas homossexuais não pode levar, de modo nenhum, à aprovação do comportamento homossexual ou ao reconhecimento legal das uniões homossexuais”.

Porém, as declarações do Papa Francisco sobre pessoas homossexuais são vanguardas e altamente significativas. Além de dar abertura as pessoas que antes se sentiam discriminados pela Igreja, mais ainda, essas opiniões do representante da Igreja, do mais alto posto religioso, ajuda a proteger essa comunidade que tanto sofre preconceito, discriminação e violência no mundo.

Com agências

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