Britânico e indigenista foram mortos a mando de traficante

Pesca ilegal foi motivo para os assassinatos, embora o temido Colômbia também seja apontado como traficante de drogas.

Assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips teve pesca ilegal como motivação

A Polícia Federal concluiu que Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia, foi o mandante da morte do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, em junho de 2022, no vale do Javari, no Amazonas.

Colômbia está preso desde o ano passado e chegou a ser solto em outubro, após pagar fiança de R$ 15 mil. Agora, foi novamente capturado por violar as condições da liberdade provisória. Ele deve seguir para presídio de segurança máxima.

Registros apontam para desentendimentos anteriores entre o ex-servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai) Bruno Pereira e Amarildo da Costa Oliveira (o Pelado), que é suspeito de envolvimento com a pesca ilegal na região.

Segundo as investigações, Bruno e Dom foram emboscados e mortos depois que o indigenista pediu ao jornalista que fotografasse o barco dos acusados, de forma a atestar a prática de pesca ilegal. Bruno foi morto com três tiros – um deles pelas costas. Já Dom foi assassinado apenas por estar junto com Bruno no momento do crime.

Envolvido com a pesca ilegal, Colômbia é influente e temido na região de fronteira entre Peru e Colômbia. Promove invasão de terras indígenas no Vale do Javari para a pesca de exportação. Mas também é apontado como traficante internacional de drogas.

Apresentou documentos falsos durante a investigação em que divergia na nacionalidade. Afinal se comprovou sua origem colombiana.

Comprovação

Após meses de investigação, a PF identificou diversos indícios da participação do traficante. Entre as provas estão ligações que Colômbia fez para Jefferson da Silva Lima (o Pelado da Dinha), que é apontado como o autor dos tiros que mataram os dois profissionais.

“Temos provas que ele [Colômbia] fornecia as munições para o Jefferson e o Amarildo, as mesmas encontradas no caso. Ele pagou o advogado inicial de defesa do Amarildo”, disse o superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Fontes. O policial também menciona como provas ligações no período do assassinato e fornecimento de barcos para a pesca ilegal.

A corporação também verificou que os advogados de Lima foram pagos por Colômbia, outro indício que leva os investigadores a acreditar que o traficante foi o mandante.

Um relatório foi encaminhado à Justiça com mais seis indiciamentos pelos crimes de duplo homicídio qualificado e ocultação dos cadáveres. Antes, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou Amarildo; Oseney da Costa de Oliveira (o dos Santos) e Jefferson por duplo homicídio qualificado por motivo fútil e ocultação de corpos.

Segundo o superintendente da PF, ‘Colômbia’ também é suspeito de ser o mandante do assassinato do servidor da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Maxciel Pereira dos Santos, pela semelhança dos crimes. Maxciel, na época, atuava na Frente de Proteção Etnoambiental do Vale do Javari, mas foi assassinado em Tabatinga, município vizinho de Atalaia do Norte, onde fica localizado o Vale do Javari.

Desde o início das investigações, lideranças indígenas da Terra Indígena Vale do Javari sempre consideraram que o ‘comerciante’ era o mandante dos assassinatos, versão que, em um primeiro momento, foi negada pela PF.

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