Projeto Futuras cientistas quer diminuir desigualdade nas carreiras científicas

Futuras Cientistas é um programa vinculado ao MCTI que incentiva o contato de alunas e professoras da rede pública com a Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática.

Estudantes do programa desenvolvendo pesquisas na área de biotecnologia. Foto: SESI-BA

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), aponta que as mulheres, apesar de serem maioria da população mundial e a maior parte das estudantes em todos os níveis de educação superior no mundo (graduação, mestrado e doutorado), representam menos de 30% dos cientistas do planeta.

Segundo o último relatório de Ciência da Unesco, menos de 4% dos Prêmios Nobel são para mulheres.

Da mesma forma, um levantamento sobre gênero e número do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), mostra que no Brasil as bolsas de pesquisa com valores mais altos (de nível 1A), por exemplo, vão para homens.

Vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), o Programa Futuras Cientistas, criado em 2012 pelo Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), tem o objetivo de estimular o contato de alunas e professoras com as áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática contribuindo para a igualdade de gênero no mercado profissional e acadêmico.

A edição deste ano é a primeira em que o projeto oferece vagas em todas as unidades da federação. Alunas e professoras de escolas públicas podem participar do programa, através da inscrição no ano anterior. As selecionadas recebem bolsas de estudos no valor de R$ 483, além do kit com os materiais necessários para a realização dos experimentos, brindes, além de experiência.

Do Cetene para o Brasil, programa Futuras Cientistas apresenta o mundo da ciência para alunas de escolas públicas. Foto: CNPEM

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Em recente entrevista, a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, ressaltou como prioridade da pasta estimular o desenvolvimento feminino no ambiente científico e acadêmico. Ela citou outro programa com esse objetivo: o “For Women in Science” ou “Para Mulheres na Ciência” que contempla pesquisadoras brasileiras com bolsas de 50 mil reais com objetivo de incentivar mulheres a prosseguirem com seus estudos e carreiras. O Programa é uma parceria com a Unesco Brasil, Academia Brasileira de Ciências e a L’Oréal Brasil.

Futuras Cientistas

Em 10 anos, o programa Futuras Cientistas possibilitou a redução dessas barreiras para o acesso e permanência de meninas e mulheres nos espaços científicos. Segundo dados do Cetene, 70% das participantes no programa foram aprovadas no vestibular. Destas, 80% escolheram cursos nas áreas de Ciência e Tecnologia.

Idealizadora do programa, a diretora do Centro, Giovanna Machado, avalia que o contato das meninas com a ciência ajuda a reduzir a disparidade de gênero na área. “O programa tem uma importância fundamental na inclusão de meninas de escolas públicas. Estamos falando de uma inclusão social em relação à parte de pesquisa e desenvolvimento”, ressaltou.

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Dividido em quatro módulos, o programa inclui: imersão científica, banca de estudos, mentoria e estágios. A primeira fase do módulo acontece nas férias de verão, quando acontece a imersão científica, com carga horária de 80 horas, seguida de um módulo de grupo de estudos, de 20 horas.

O objetivo é estimular o desenvolvimento do pensamento e de atividades científicas transdisciplinares das ciências da natureza e suas tecnologias nas áreas de química, física, matemática, biologia e engenharias.

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