Lula defende “construção de uma ordem mundial pacífica”

“É com alegria e satisfação muito especiais que o Brasil está de volta à região – e está pronto para trabalhar lado a lado com todos vocês”, declarou Lula. Além do Brasil, a Celac reúne mais 32 países do continente.

Foto: Ricardo Stuckert/ PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (24) que o País está “de volta” à luta pela integração da América Latina e Caribe. Ao participar da abertura da 7ª Cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), na Argentina, Lula também defendeu a “construção de uma ordem mundial pacífica”.

“É com alegria e satisfação muito especiais que o Brasil está de volta à região – e está pronto para trabalhar lado a lado com todos vocês, com um sentido muito forte de solidariedade e proximidade”, declarou o presidente. Além do Brasil, a Celac reúne mais 32 países do continente.

Em seu discurso, Lula criticou o boicote do governo Jair Bolsonaro (PL) à região. “Ao longo dos sucessivos governos brasileiros desde a redemocratização, nos empenhamos com afinco e com sentido de missão em prol da integração regional e na consolidação de uma região pacífica, baseada em relações marcadas pelo diálogo e pela cooperação. A exceção lamentável foram os anos recentes, quando meu antecessor tomou a inexplicável decisão de retirar o Brasil da Celac”, condenou o presidente.

Segundo Lula, o mundo convive hoje com “múltiplas crises”, tais como “pandemia, mudança do clima, desastres naturais, tensões geopolíticas, pressões sobre a segurança alimentar e energética”, além de “ameaças à democracia”. Todos esses problemas agravam os quadros de “desigualdades, pobreza e fome”, demonstrando, em contrapartida, “o valor da integração”.

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula afirma que a superação desse cenário passa por uma ordem mundial “baseada no diálogo, no reforço do multilateralismo e na construção coletiva da multipolaridade”. A consolidação da integração latino-americana é o ponto de partida para esse avanço. “Temos de unir forças em prol de melhor infraestrutura física e digital, da criação de cadeias de valor entre nossas indústrias e de mais investimentos em pesquisa e inovação em nossa região. Nossa estratégia de desenvolvimento deve caminhar passo a passo com a redução da desigualdade em suas diversas dimensões”, disse Lula.

Conforme o brasileiro, os países do continente são marcados por pontos comuns, como “nosso passado colonial, a presença intolerável da escravidão” e “as tentações autoritárias que até hoje desafiam nossa democracia”. Ao mesmo tempo, agregou Lula, sobressai “a imensa riqueza cultural dos nossos povos indígenas e da diáspora africana, as diversidades de raças, origens e credos, a história compartilhada de resistência e de luta por autonomia”.

O presidente brasileiro lembrou a necessidade de fortalecer todos as iniciativas que contribuam para a integração. “O Brasil volta a olhar para seu futuro com a certeza de que estaremos associados aos nossos vizinhos bilateralmente, no Mercosul, na Unasul e na Celac”, declarou Lula. “É com esse sentimento de destino comum e de pertencimento que o Brasil regressa à Celac, com a sensação de quem se reencontra consigo mesmo.”

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