Correção da tabela do IR beneficiaria 20 milhões de trabalhadores

Pelos cálculos da Unafisco, só quem ganha mais de R$ 4.719,34 ao mês deveria pagar o imposto e não R$ 1.903,98 como é atualmente

Dados divulgados pela Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco) revelam que, com a correção inflacionária da tabela do Imposto de Renda (IR), o número de isentos saltaria quase 20 milhões de trabalhadores, aposentados e pensionistas. Em vez dos atuais 8,4 milhões, os beneficiários seriam cerca de 28 milhões.

De acordo com a entidade, só quem ganha mais de R$ 4.719,34 ao mês deveria pagar o imposto, e não R$ 1.903,98 como é atualmente.

Na campanha eleitoral de 2018, Jair Bolsonaro prometeu zerar o imposto de renda de quem ganhava até cinco salários mínimos. Eleito, ele não cumpriu a promessa. Já o presidente Lula assegura que quem ganha até R$ 5 mil estará livre do imposto.

A última atualização parcial da tabela foi feita em 2016 durante o governo Dilma, quando a faixa de isenção passou de R$ 1.787,77 para os atuais R$ 1.903,98.

Leia mais: Correção da tabela do Imposto de Renda pode ser votada este ano

A Unafisco diz que o último ajuste integral ocorreu em 1996, o que gerou uma defasagem acumulada de 148,1% em janeiro/2023. Caso isso fosse atualizado, os trabalhadores que ganham até R$ 4.719,34 não precisariam pagar o IR, ou seja, cerca de 30 milhões de trabalhadores.

Por outro lado, os cálculos demonstram que haveria uma redução de R$ 239,3 bilhões na arrecadação da União.

“Temos a noção de que um reajuste integral exige um esforço fiscal gigantesco e não é trabalho para um único governo fazer de uma vez só. Porém, entendemos que é possível dar um primeiro passo especialmente considerando que foi promessa de campanha não cumprida do governo Bolsonaro e também foi promessa do governo Lula”, afirmou ao InfoMoney o presidente da Unafisco, Mauro Silva.

Para diminuir a carga tributária para os mais pobres, o governo precisaria taxar lucros e dividendos dos bilionários na reforma tributária.

O diretor-adjunto de Estudos Técnicos do Sindifisco Nacional, Marcelo Lettieri, afirmou que a tributação de lucros e dividendos e o fim da dedução dos juros sobre capital próprio são mudanças necessárias para que a correção da tabela seja uma realidade.

Autor