Apoiadores dos atos antidemocráticos continuam ativos nas redes sociais

Agência Lupa aponta que perfis que incentivaram atos golpistas no dia 8 de janeiro continuam ativos nas redes sociais, espalhando fake news e ainda pedindo contribuições, via pix.

Perfil do advogado Jorge Chediak com incitação a atos golpistas está ativo nas redes. Ele é o advogado do empresário que colocou um bomba próximo ao aeroporto.

Nas redes sociais, os perfis e páginas permanecem livremente alimentando discursos de golpe de Estado, inclusive imagens de apoio aos atos criminosos do dia 8 de janeiro. Eles também lançaram rifas e realizam outras ações para arrecadar fundos. Segundo a agência Lupa, juntas, esses perfis somam mais de 800 mil seguidores no Instagram e no Facebook.

O monitoramento foi realizado a partir de uma base de dados colaborativa chamada “Lupa nos Golpistas” que recebe denúncias de postagens e perfis antidemocráticos, cujo conteúdo incita os atos golpistas.

O perfil de Jorge Anthonny Chediak Rezende Filho também aparece entre os denunciados. O advogado goiano administra duas contas no Instagram e reúne mais de 370 mil seguidores. Ele responde a um processo por corrupção no Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO).

Segundo reportagem do jornal Metrópoles, em novembro de 2016, o Ministério Público deflagrou a Operação Livramento onde foram denunciadas 43 pessoas por suspeita de participar de uma organização criminosa que atuava em presídios goianos. Chediak é réu no caso.

Advogado bolsonarista foi denunciado em operação do Ministério Público que investiga suposta organização criminosa em presídios de Goiás. Foto: Redes Sociais

Além de aparecer em distintos momentos ao lado do ex-presidente Bolsonaro, Chediak também é o advogado de George Washington de Oliveira, empresário preso por planejar um atentado a bomba no Aeroporto de Brasília e na estação de energia elétrica em Taguatinga (DF).

Prints mostram que, em ao menos duas situações diferentes, em dezembro de 2022, Chediak disponibilizou sua chave Pix em publicações de apoio a atos antidemocráticos.

“Pix para contribuir é o celular 62 [número ocultado pela reportagem], Jorge Chediak. O presidente [Bolsonaro] está no [Palácio da] Alvorada! Não viajou coisa nenhuma”, alegava a legenda de um vídeo publicado em uma de suas contas. O advogado também fixou seus dados bancários em uma live realizada na porta do Quartel-General do Exército, em Brasília.

Também há registros de o advogado anunciando pelo Instagram estar realizando a transmissão de “tudo o que está acontecendo” na capital federal via YouTube. Também há vídeos depreciativos referente ao ministro do TSE, Alexandre de Moraes.

Chediak ainda compartilhou conteúdos com desinformação nas redes sociais. Em uma de suas publicações recentes, denunciava que o PT teria destinado R$ 10 bilhões para a Cultura e R$ 1,5 bilhão para o agronegócio. A informação é falsa, como mostrou checagem da Lupa.

Em outras postagens, o advogado pediu ajuda financeira para manter o acampamento e “pagar por tendas, alimentos, itens de higiene”. Ele também publicou uma foto ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL). Jorge participa ativamente dos atos antidemocráticos em Brasília e, em quase todas as postagens nas redes sociais, pede ajuda financeira via Pix.

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Outros denunciados

Outra rede denunciada é de João Bosco de Oliveira Melo, dono da página Bosco Foz, no Facebook, que acumula cerca de 100 mil seguidores. No dia dos ataques à Praça dos Três Poderes, ele publicou dois vídeos manifestando apoio aos atos. 

“Brasília está uma conturbação total porque os patriotas resolveram botar a mão na massa”, afirmou Melo em uma das gravações, exibindo, do conforto de sua casa, um compilado de imagens das invasões.

Melo finaliza o vídeo — que teve mais de 10 mil compartilhamentos — prometendo novas publicações e pedindo apoio financeiro. “Você que ajuda, tá aí o Pix [exibe número de telefone]. Sua ajuda é muito bem-vinda.”

As gravações continuam disponíveis tanto no Facebook quanto no Instagram do influenciador. Além disso, novos vídeos foram publicados contendo conteúdo desinformativo — a maioria deles a respeito do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — e pedidos de apoio financeiro. 

“Não feche os olhos para isso. Você pode ser o próximo. Apoie o canal”, diz a legenda de um vídeo publicado por Melo que tem como título “Campo de concentração no Brasil em 2023! Eis a primeira obra do novo governo”. A publicação foi compartilhada por mais de 45 mil pessoas.

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Quem também continua arrecadando dinheiro com conteúdos golpistas é Iago Gomes de Andrade dos Santos. Ele é morador do Rio de Janeiro (RJ) e dono de ao menos quatro perfis diferentes no Instagram, todos eles em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Só em uma das contas, reúne 26 mil seguidores.

No dia 8 de janeiro, diversos conteúdos incentivando atos de vandalismo e pedindo ajuda financeira via Pix foram publicados. “Invadimos o Congresso! […] Nos ajude a resistirmos aqui em Brasília-DF”, diz a publicação, que exibe os dados bancários e pessoais de Santos. 

Em outra publicação, ele orientava manifestantes em São Paulo a invadir as sedes das TVs Globo e Bandeirantes. “Essas duas emissoras estão distorcendo as informações. Foco neles agora”, diz o texto publicado.

Após os ataques no Distrito Federal, as contas comandadas por Santos continuam pedindo doações via Pix e compartilhando desinformação. No dia 16 de janeiro, uma delas publicou repetidas vezes a informação de que o governo Lula teria aumentado o auxílio-reclusão para R$ 1.754, valor acima do salário mínimo. O conteúdo foi verificado pela Lupa e é falso. Outros posts pedem contribuições para “ajudar os patriotas que estão presos”.

Negação

Segundo a reportagem da Lupa, todas as pessoas citadas na reportagem foram procuradas e negaram o envolvimento com os atos antidemocráticos. O advogado Jorge Chediak disse que nunca incitou manifestantes a irem à Esplanada dos Ministérios em seu perfil. “Eu não tive absolutamente nada a ver com a tragédia que aconteceu dia 8, eu fui totalmente contra o que aconteceu”, declarou.

Com informações da Agência Lupa

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