Unesco irá restaurar todo patrimônio destruído por golpistas em Brasília

A representante da Unesco no Brasil fez o anúncio após visitar as instalações danificadas. Brasília é tombada pelo Patrimônio Cultural da Humanidade – da Unesco, e pertence a todos os povos do mundo.

Técnicos fazem avalição de obras danificadas no Congresso. Foto: Divulgação / Ricardo Stuckert

Todo o patrimônio histórico, artístico, cultural e arquitetônico danificado por criminosos golpistas no último domingo (8) será restaurado por especialistas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) que irá atuar em conjunto com o Ministério da Cultura.

A parceria com o governo federal foi anunciada nesta quarta-feira (11) pela diretora e representante da Unesco no Brasil, Marlova Noleto que esteve pessoalmente visitando os locais, avaliando a situação dos quadros, esculturas, móveis e janelas que foram depredados.

A capital federal representa um marco da arquitetura e urbanismo modernista. Em 7 de dezembro de 1987, Brasília foi inscrita pela Unesco na lista de bens do Patrimônio Mundial. São 112,25 quilômetros quadrados de área tombada, a maior registrada.

Imagem publicada originalmente após Brasília ser inscrita como Patrimônio Mundial na Unesco – edição de 8 de dezembro de 1987 do Correio Braziliense.

Inscrito como Patrimônio Cultural da Humanidade significa que, independentemente onde estejam localizados, o bem passa a pertencer a todos os povos do mundo. O objetivo da inscrição é criar um mecanismo que permita à comunidade internacional participar da salvaguarda dos bens que possuem um valor universal excepcional, protegendo o patrimônio. Porém, fica a cargo dos governos a responsabilidade pela preservação onde estão os bens considerados patrimônio mundial.

O reconhecimento de Brasília engloba o conjunto arquitetônico da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes. “Brasília é patrimônio da Humanidade, é das únicas cidades modernas do mundo a ter esse status. Todo o conjunto arquitetônico da Praça dos Três Poderes é tombado. Então, não é só colocar um outro vidro em cima daquele que foi quebrado”, relatou Marlova.

Porém, a representante da Unesco levantou com preocupação a recuperação do mobiliário modernista em razão da importância das peças que estão em Brasília.

“A mesa do Juscelino Kubistchek está danificada, cadeiras do Sergio Rodrigues, móveis do Niemeyer [Oscar, arquiteto]. Muito triste porque são obras de valor inestimável para a humanidade. Nós estamos falando das joias do modernismo brasileiro”, disse.

A diretora da Unesco informou ainda que os bens de valor universal foram destruídos e que é preciso fazer um inventário de cada um deles. “Há um longo trabalho para fazer”, completando que foi uma “destruição assustadora”, resumiu.

Parceria do Iphan

Empossado nesta quarta-feira (11) pelo Ministério da Cultura como novo diretor presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o ex-candidato ao governo do DF nas últimas eleições, Leandro Grass disse que sua primeira preocupação “é recuperar as obras, os monumentos e o que mais houver de dano causado pelos atos golpistas no domingo” e defendeu que os criminosos paguem pelos danos causados.

Técnicos fazem avalição de obras danificadas no Congresso. Foto: Divulgação / Ricardo Stuckert

Segundo Grass, além das edificações, foram destruídas obras de Marianne Peretti, Di Cavalcanti e Alfredo Ceschiatti, que fazem parte do valoroso acervo da nossa capital. Um prejuízo incalculável”, completou.

Antes de ser empossado, em entrevista ao Correio Braziliense, logo após a quebradeira de domingo, Leandro Grass avaliou como nítida a “omissão e conivência” do governador do DF, Ibanes Rocha nos atos golpistas. “Ele é o principal responsável pela ordem pública e pela preservação do patrimônio público na capital do país. Sua ação ou inação deve ser investigada e responsabilizada”, disse ele.

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