Covid: 2023 começa com desaceleração, mas nova variante exige vigilância

Governo precisa aumentar vigilância epidemiológica em aeroportos, bem como acelerar a cobertura vacinal em idosos e crianças, diz especialista

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Das milhares de pessoas que tomam contato com o vírus da covid-19, há um sorteio cruel de quem vai a óbito. Nos últimos dias, a média móvel de óbitos é de 114 pessoas no Brasil, de cerca de 45 mil casos registrados. Pessoas mais idosas, com comorbidades, são os casos mais comuns de internações graves, embora haja casos de bebês e crianças. Não se trata de uma gripe comum, que também mata milhares de pessoas, principalmente idosas, todo ano. A covid-19 segue sendo uma doença desafiadora, pois ainda causa muitas mortes evitáveis, principalmente quando se dissemina rapidamente. Os doentes recuperados podem carregar alguma complicação que pode afetar sua vida de forma prolongada. Principalmente, em casos de reinfecção.

Dito isto, estamos vivendo uma desaceleração de mortes, o que não significa que podemos relaxar e nada precisa ser feito. Segundo o epidemiologista da FioCruz Amazônia, Jesem Orellana, neste início de ano, a epidemia de covid-19 não deve trazer grandes surpresas. “Em especial em janeiro, pois estamos em um momento de desaceleração, após 4 semanas de alta na mortalidade, onde mais de 4 mil brasileiras e brasileiros perderam suas vidas, de forma evitável, na maior parte das vezes”, disse ele ao Portal Vermelho.

Registro de contágios desde o início da pandemia, há três anos.

Consultamos o especialista para entender até que ponto devemos estar preocupados com o surgimento da variante XBB.1.5, identificada inicialmente nos EUA e que já circula em território nacional. “Esta variante tende a se espalhar no Brasil, pois parece ser uma das versões mais transmissíveis já documentadas, além de estar associada a frequentes casos de reinfecções, incluindo vacinados conta a covid-19”, diz ele, baseado na observação internacional.

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Para o epidemiologista, esta virada de ano é marcada por franca desaceleração da pandemia, em contexto de cerca de 80% da população vacinável com, ao menos, uma dose da vacina contra a covid-19, “o que limita fortemente cenários caóticos”. “No entanto, ainda que esta não seja a pior virada de ano na pandemia, não podemos relaxar, uma vez que as descendentes da Ômicron, como a XBB.1.5, podem gerar surpresas negativas e prolongar ainda mais a pandemia ou, mais remotamente, piorar tudo”.

“Wear a mask”, Ponha a máscara!

Nesta terça (10), autoridades da Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendaram que os países devem considerar que os passageiros usem máscaras em voos de longa distância, dada a rápida disseminação da subvariante ômicron. Por isso mesmo, Orellana diz que o governo brasileiro deve estar com sua vigilância epidemiológica atenta especialmente em aeroportos, e onde há maior fluxo de pessoas, como no transporte coletivo.

Outra medida que o novo governo deve assumir, desde já, na opinião dele, é acelerar a estratégia que visa aumentar as coberturas vacinais da população, especialmente naqueles com 40 anos e mais, e vacinar os milhões de crianças que ainda não tomaram a primeira dose, ou que não estão com o número de doses recomendadas para a faixa etária. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, explicou para a imprensa, ontem, estas prioridades que está tomando nos primeiros dias de governo, entre outras.

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É preciso entender que a OMS só vai mudar o status da pandemia de covid-19 para um patamar menos alarmante, quando houver sinais claros de queda sustentada nos contágios, casos graves e, mortes. “Mas, principalmente, progressos substanciais na vacinação, sobretudo em países com baixas coberturas, como àqueles mais pobres e com limitado acesso à vacinação”, diz Orellana.