Ato na USP pede punição “sem anistia” para terroristas de Brasília

Ato na Faculdade de Direito da USP reuniu membros da sociedade civil, juristas e representantes do MP em protesto contra as manifestações golpistas em Brasília;

Manifestantes gritam "sem anistia" durante ato na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco | Foto: Reprodução/ TV Globo

A Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) promoveu um ato em defesa da democracia, nesta segunda-feira (9), após terroristas apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) invadirem e depredarem o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, em Brasília, neste domingo (8).

O ato convocado pela reitora da USP e realizado no salão nobre da Faculdade de Direito, localizado no Centro da capital paulista, reuniu representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Ministério Público, da União Nacional dos Estudantes (UNE) e organizações da sociedade civil.

Durante todo o ato, pessoas que estavam presentes no local gritavam “sem anistia”, pedindo punição aos responsáveis por vandalizarem a sede dos Três Poderes. “Não há e nem haverá anistia”, disse o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Júnior. “Estamos aqui para exigir sem meias palavras que os responsáveis pelos crimes de barbárie sejam todos eles, seus financiadores e seus agentes, investigados, julgados e punidos na forma da lei.

Durante sua fala, o reitor reforçou “que a democracia não cai do céu, é resultado do nosso trabalho cotidiano e do nosso comprometimento com os valores que alicerçam respeito à pessoa humana. Foi por isso e somente por isso que marcamos este ato aqui hoje na nossa respeitada Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco”.

“Estamos aqui para defender o estado democrático de direito e expressar o nosso repúdio aos atos de terrorismo que vimos ontem na capital federal do nosso país. A depredação da sede dos três poderes da nossa República só serviu para cobrir a nossa pátria de vergonha. Líderes mundiais logo se mobilizaram para expressar solidariedade ao nosso país e ao nosso novo governo, eleito e empossado em absoluta normalidade e total legitimidade. O mundo se preocupa com a democracia brasileira. Estamos aqui para exigir, sem meias palavras, que os responsáveis pelos crimes de barbárie que destroçaram a nossa imagem, instalações físicas do poder da nossa República, sejam todos eles, seus financiadores e seus agentes, diretos ou indiretos, investigados, julgados e punidos na forma da lei”, continuou.

Mário Sarrubbo, Procurador-Geral de Justiça de São Paulo, discursou e afirmou que o MP-SP tem compromisso com “a punição dessa organização criminosa e com a mais absoluta defesa da ordem democrática e da nossa democracia”.

“A imensa maioria do povo brasileiro, a imensa maioria dos cidadãos desse país não concordam com o que aconteceu em Brasília ontem e o que vem acontecendo nos últimos anos no nosso país. Como já disse em outras ocasiões no estado de São Paulo, essas são verdadeiras organizações criminosas que estão procurando subverter as ordens democráticas e tentando um golpe de estado na nossa democracia que foi conquistada em vida”, disse.

Patrícia Vanzolini, presidente da OAB-SP também esteve presente e defendeu, na ocasião, as ações do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinaram a remoção de perfis de bolsonaristas nas redes. Para ela, o Supremo vinha sendo “duramente criticado por parcela da comunidade jurídica” pelas decisões, apontadas por alguns como “invasivas demais”.

“Primeiro, é importante que toda a comunidade jurídica fale em uníssono ‘é golpe e é crime; não é liberdade’. Durante muito tempo, eu acho que talvez um tempo longo demais, alguns ficaram com medo de usar essa palavra, achando que ela era forte, mas eu acho que o que nós vimos ontem dá razão aos que sempre temeram que nós passássemos por uma tentativa de golpe, foi o que aconteceu e nós resistimos”, afirmou Patrícia.

O ouvidor das polícias de São Paulo, Claúdio Silva, também falou aos presentes e afirmou que a ouvidoria sugeriu ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e ao secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, a desmobilização imediata dos acampamentos, antes da decisão do STF.

“A ouvidoria de polícia do estado de São Paulo, como uma conquista da sociedade civil, permanecerá alerta para atos antidemocráticos, alerta e dialogando com as forças institucionais do estado de São Paulo em defesa do estado democrático de direito”, afirmou.

Estudantes da universidade, durante a fala, pediram a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e protestaram contra o bolsonarismo. Alguns convocaram os presentes para participar do ato pela democracia, promovidos pelos movimentos sociais, na noite de hoje. O evento está marcado para iniciar às 18h, em frente ao MASP, na Avenida Paulista.

Também estiveram no local os deputados estaduais Carlos Giannazi e Mônica Seixas (ambos do PSOL), o deputado eleito Eduardo Suplicy (PT), o padre Júlio Lancelotti, o jornalista Juca Kfouri e o ex-jogador Walter Casagrande Júnior, o Casão.

Assista a íntegra no ato na USP

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