Ato pode tirar ex-ministro de Bolsonaro de cargo no DF

Portaria do ministro Flávio Dino proíbe ceder servidores que respondam a processo. É o caso de Anderson Torres, atual secretário de Segurança no DF

Ex-ministro da Justiça, Anderson Torres | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

“Fica vedada a cessão de servidores vinculados ao Ministério da Justiça e Segurança Pública que estejam respondendo a processo administrativo disciplinar, inquérito policial, ação penal ou por improbidade administrativa”, diz uma portaria assinada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que pode impedir a permanência do ex-ministro Anderson Torres no comando da Secretaria de Segurança Pública no Distrito Federal (DF).

Torres, que foi antecessor de Dino, é delegado da Polícia Federal, corporação subordinada ao Ministério da Justiça. O ex-ministro de Bolsonaro é alvo de investigação por participar de uma live com o ex-presidente, no dia 29 de julho, colocando em dúvida a segurança das urnas eletrônicas.

Após a live, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) investigação sobre a participação de Torres no vídeo de Bolsonaro.

O ex-ministro leu um relatório produzido pela Polícia Federal sobre os testes públicos das urnas eletrônicas que são realizados pelo TSE. Na ocasião, nada do que foi apresentado provou irregularidades no processo eleitoral. Além disso, Torres responde a outro inquérito no STF pelo vazamento de informações sigilosas.

Flávio Dino disse esperar que o governador do DF, Ibaneis Rocha, entenda o recado e retire Torres da sua equipe de colaboradores.

Todavia, em entrevista ao Correio Braziliense, o ministro da Justiça disse que a portaria não tem como alvo o ex-ministro de Bolsonaro.

“O que eu fiz foi editar uma portaria de caráter genérico, tratando sobre regras acerca de cessões já deferidas antes e para novas cessões. Porque nós temos centenas de policiais cedidos para outras instituições. Nós, que acabamos de tomar posse, queremos saber onde esses servidores estão e fazendo o quê? Porque a cessão é uma possibilidade, ela não é algo imperativo, você pode ceder ou não”, afirmou o ministro.

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