Logo do novo governo traz “União e Reconstrução” como lema

Após a apropriação do patriotismo por Bolsonaro, Lula quer difundir imagem mais diversa, colorida e criativa do Brasil

Nova logomarca do Governo Federal remete a diversidade, união e reconstrução.

Começa a ser divulgada o novo logotipo oficial do Governo Federal, que será difundido pelo mundo a partir de 2023. A imagem vazou, ainda sem informações complementares sobre design. Após a apropriação feita pelo bolsonarismo do patriotismo, como forma de criar identidade com sua base política, o novo design deixa a literalidade do verde, amarelo, azul e branco da bandeira para se tornar mais abstrato e colorido. As cores básicas da bandeira continuam presentes, mas de forma mais diluída.

A imagem, ainda sem confirmação da nova equipe de Comunicação, traz o vermelho adicionado às cores tradicionais. Mas o lema União e Reconstrução carrega um simbolismo muito direto da retórica do presidente Luis Inácio Lula da Silva e a frente ampla que o elegeu. A busca pela unidade nacional, em meio a um país dividido pela polarização estimulada pela extrema-direita, foi enfatizada durante toda a campanha. As pesquisas revelaram um país cansado do discurso belicoso de ódio ideológico. 

Mas a ideia de Reconstrução se fortaleceu durante os dois meses de trabalho do Gabinete de Transição, em que relatórios demonstraram a dimensão do desmonte e da terra arrasada deixada pelo governo Bolsonaro. Em vários momentos foi dito que será preciso reconstruir os aparelhos de estado. Enquanto as marcas de Dilma eram um “rebranding”, pois se atualizavam como uma história que se contava (país sem pobreza e pátria educadora), caso confirmada, a nova marca parece querer recomeçar do zero uma história.

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A logomarca (junção de imagem e palavra), por sua vez, remete ao segundo governo de Lula, entre 2007 e 2010. Naquele período, “Brasil, um país de todos”, também trazia a ideia de diversidade com três cores a mais que as da bandeira. Com a fonte gorda (bold), preenchida e divertida utilizada, a marca reforça a informalidade, criatividade e diversidade cultural brasileira. 

As cores estão distribuídas entre as vogais, criando geometrias, que remetem à arte abstrata modernista e à simplicidade infantil. Por outro lado, as letras R, A e S, de Brasil se penetram gerando uma transparência e conexão entre elas. Esta ideia também tem sido reforçada na retórica do novo governo, em contraponto à dificuldade de acesso à informação do governo Bolsonaro. A participação social e a consulta às entidades da sociedade civil também contribuem para reforçar esta ideia de transparência.

A marca também traz uma verticalidade na distribuição das ideias. Governo Federal comparece no alto em fonte negritada, e o lema aparece abaixo do Brasil em fonte bem mais fina, como algo que se pretende superar com o tempo. 

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Os três elementos aparecem fora da caixa, enquanto a maioria das marcas costumam estar enquadradas de alguma forma. O governo ocasional de Michel Temer teve uma marca mais circular com o globo da bandeira e com o texto em perspectiva, fugindo ao padrão retangular. 

Cada uma destas características mencionadas criam vantagens e desvantagens para a utilização das marcas oficiais de governo. O colorido, por exemplo, sofre perdas relevantes ao ser convertido para materiais de divulgação em preto e branco. Da mesma forma, a desconexão entre os três elementos dificulta a absorção do conceito de União, assim como a unidade da marca e dificuldades de leitura em tamanho reduzido.

Todas as marcas de governo tiveram seus problemas para aplicação. Algumas pegaram mais que outras no imaginário popular. O colorido e geometria podem ser elementos marcantes para a percepção, que podem fazer desta uma das mais lembradas. 

Confira abaixo as marcas de governo da redemocratização e tente lembrar qual delas ficou mais no seu imaginário:

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