ESPECIAL – 46 anos da Chacina da Lapa

A tentativa derradeira da ditadura de destruir o PCdoB foi brutal, mas falhou. Às vésperas dos 46 anos da Chacina da Lapa, Bolsonaro tenta apagar a memória histórica extinguindo a Comissão de Mortos e Desaparecidos. Mas a democracia vencerá de novo.

Uma fuzilaria sem trégua. Assim começou o amanhecer do dia 16 de dezembro de 1976 no número 767 da Rua Pio XI, no bairro da Lapa, na cidade de São Paulo. Homens protegendo-se no muro e operando metralhadoras dispostas uma ao lado da outra alvejavam a porta da casa. No local, acabara de ocorrer uma reunião do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

O dia 16 de dezembro encerrou o ano de 1976 com um dos mais brutais crimes do terrorismo de estado cometidos pela ditadura militar no Brasil. Enquanto alguns setores da política e da cultura já acreditavam que a ditadura estivesse dando seus últimos suspiros, ela demonstrava sua letalidade com todo vigor. Quando se achava que a última ousadia tivesse ocorrido pouco mais de um ano antes, com o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, os militares tentam calar em definitivo o Partido Comunista do Brasil, destruindo sua direção.

A operação policial testemunhada na frente de uma casinha no nº 767 da Rua Pio XI, no pacato Alto da Lapa, em São Paulo, revela em sua desproporcionalidade o medo que a ditadura guardava de homens e mulheres como Angelo Arroyo, Pedro Pomar, João Batista Drummond, Haroldo Lima, Elza Monnerat, Aldo Arantes, Joaquim Celso e Lima e Maria Trindade. Em homenagem a esses, todo 16 de dezembro é preciso lembrar como um regime autoritário pode ser sorrateiro, covarde e incansável para destruir aqueles que resistem.

Depois da reunião ocorrida nos dias 14 e 15 de dezembro de 1976, o Comitê Central do PCdoB viveu esse episódios que prometia ser o fim do partido. Resistir a ele é a prova da resiliência dos comunistas no país, após cem anos de perseguição.

A Queda da Lapa culminou na morte de três dirigentes do Comitê Central: Arroyo, Pomar – executados na incursão – e de Drummond, morto após a prisão. Da casa, também foram levados ao cárcere do Exército Brasileiro e cruelmente torturados, Haroldo, Elza e Aldo, Joaquim e Maria Trindade.

Bolsonaro e a memória histórica

Apenas dois dias antes deste aniversário trágico de 46 anos, no apagar das luzes do governo de Jair Bolsonaro (PL), a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), que investiga crimes cometidos pelo Estado durante a Ditadura Militar foi extinta. O órgão existia desde 1995, mas não resistiu as tentativas de apagamento da memória histórica pelo bolsonarismo.

Contra os votos dos bolsonaristas e apoiadores da ditadura militar liderados pela ministra Damares Alves, registre-se que estiveram os três votos vencidos de Vera da Silva Facciolla Paiva, representante da sociedade civil; Diva Soares Santana, representante dos familiares; e Ivan Cláudio Garcia Marx, representante do Ministério Público Federal (MPF).

“A ausência de previsão expressa sobre como o Estado brasileiro dará continuidade ao seu dever de garantir verdade e justiça em relação às pessoas desaparecidas durante a ditadura militar coloca em risco obrigações internacionais e nacionais”, aponta nota assinada pelos familiares das pessoas desaparecidas da Guerrilha do Araguaia, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), o Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL), o Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro (GTNM-RJ) e a Comissão de Familiares de Mortes e Desaparecidos Políticos de São Paulo (CFMDP-SP).

Ao longo de 27 anos de história a comissão conseguiu revelar informações importantes sobre desaparecidos políticos, a tortura e o local onde foram enterrados dezenas de pessoas assassinadas por órgãos do Estado durante a Ditadura Militar. Não há informação sobre como prosseguirão investigações em andamento pela comissão. 

No transcurso do Centenário do Partido Comunista do Brasil, completos em março de 2022, o Portal Vermelho relembra, através de publicações, especiais, artigos e vídeos, o dia que não deverá ser esquecido para que nunca mais se repita.

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Pomar, Arroyo e Drumond, heróis do povo brasileiro

Jornal A Classe Operária

Neste artigo publicado na edição 112, de janeiro de 1977, do jornal A Classe Operária*, órgão oficial do Comitê Central do PCdoB, são relatadas as biografias de Pedro Pomar, João Batista Drumond e Angelo Arroio, comunistas vítimas da ditadura militar no episódio conhecido como Chacina da Lapa.

Livro “Os 30 anos da Chacina da Lapa”

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Chacina da Lapa: Que as novas gerações saibam a dimensão da luta pela liberdade*

Renato Rabelo

Dentre tantas reflexões a se suscitar sobre a Chacina da Lapa – agora completando seus trinta anos de história –, é preciso mostrar às novas gerações a dimensão e o papel que teve a resistência ao regime militar. Tal resistência consegue mobilizar forças significativas, sobretudo da juventude, num momento de grandes dificuldades para o povo e para a pátria.

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A chacina da lapa e a luta democrática*

Aldo Arantes e Haroldo Lima

Foi destacada a atividade do Partido Comunista do Brasil na luta pela reconquista da democracia em nosso país. Enfrentou a ditadura desde sua implantação, esteve, junto ao povo, na linha de frente de batalhas cruentas, participou na organização da resistência demorada e na elaboração das diretrizes ajustadas às fases da luta. Quando a gente brasileira conseguiu por fim ao arbítrio e partiu para as comemorações da vitória, também aí, na linha de frente do povo vitorioso, estava o PCdoB, envolto em sua rubra bandeira de luta.

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As balas da ditadura contra a direção do PCdoB

Renato Rabelo

No livro que produziu para a Fundação Maurício Grabois em 2012 – “Vidas, veredas: paixão” – o escritor e jornalista paranaense Luiz Manfredini dedicou todo um capítulo ao dramático episódio conhecido como Chacina da Lapa. O relato, que segue abaixo, começa numa residência em Pequim, onde estavam hospedados João Amazonas, Renato Rabelo e Dynéas Aguiar.

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A história da “Chacina da Lapa”

Osvaldo Bertolino

Uma manhã de terror e execuções sem perdão. Até troar de bombas de canhão foi ouvido (Prólogo da biografia “Pedro Pomar — ideias e batalhas).

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Os mártires da “Chacina da Lapa”

Osvaldo Bertolino

Um dos episódios mais brutais do regime de 1964, a “Chacina da Lapa” revelou o ódio que os golpistas nutriam pelos que lutavam consequentemente pela redemocratização do país.

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Chacina da Lapa: ato reafirma compromisso do PCdoB com a democracia

Cezar Xavier

Ato na Câmara Municipal homenageou os mártires do massacre: Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e João Batista Drumond. Mas também disputa a memória sobre a resistência à ditadura militar, assim como reafirma a capacidade dos militantes comunistas levarem seus ideais às últimas consequências.

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Ato em homenagem aos comunistas mortos na Chacina da Lapa

Cezar Xavier

Na terça-feira, 13 de dezembro de 2016, o Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo foi ocupado pelos sobreviventes e herdeiros da resistência à ditadura militar. Foram lembrados os mártires da Chacina da Lapa, Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e João Batista Drumond, membros do Comitê Central do PCdoB, que participavam de uma reunião numa pequena residência na Lapa, bairro tranquilo da Zona Oeste de São Paulo. No dia 16 de dezembro de 1976, uma operação militar invadiu a casa e metralhou os dirigentes comunistas Pomar e Arroyo, sequestrando e torturando os demais em seguida, o que levou à morte de Drumond.

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Para não mais esquecer

Augusto Buinicore

No Brasil de Geisel ainda se tortura e se mata.“Comunico-lhe que o seu PCdoB acabou”. Esta frase dita por um policial-torturador ao dirigente comunista Haroldo Lima.

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Maria Trindade e a chacina da Lapa

Diorge Konrad

Destes que caminham aí pelas ruas desta cidade sitiada
pelo medo e pela fome. Destes que pegam ônibus às
quatro, cinco da manhã; comem marmita ao meio-dia; tomam
o trem lá pela ave-maria; chegam em casa só o pó.

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Honra aos que lutam!

Eron Bezerra

No dia 16 de dezembro de 1976 a ditadura militar assassinou 03 heróis brasileiros da causa do socialismo: Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e João Batista Drummond. O episódio, conhecido como “Chacina da Lapa”, é um dos mais brutais e covardes atos da ditadura militar a serviço dos Estados Unidos da América, como os documentos oficiais vieram revelar anos depois.

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Em memória dos mártires da “Chacina da Lapa”

José Reinaldo Carvalho

Nesta data, 16 de dezembro, na “noite dos chacais, no Brasil dos generais”, ocorreu há 40 anos a “Chacina da Lapa”, quando sicários da ditadura militar assassinaram Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e João Batista Drummond, dirigentes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). São heróis do povo brasileiro que seguem inspirando a atual geração de lutadores pela liberdade, e os militantes comunistas em seus esforços pela permanente construção de um partido revolucionário. Glória eterna!

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A saga de Pomar e Amazonas do Pará ao Rio de Janeiro

Osvaldo Bertolino

Pedro Pomar e João Amazonas fogem para o Rio de Janeiro. No caminho, incêndio, onças e determinação.

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