Pressão por espaço no governo trava votação da PEC do Bolsa Família

“Vou tomar por base o texto do Senado e traduzir a vontade da maioria dos deputados desta Casa”, disse o relator da proposta na Câmara

Relator da PEC na Câmara, Elmar Nascimento (Foto: Paulo Sérgio/Agência Câmara)

O relator da PEC do Bolsa Família na Câmara dos Deputados, Elmar Nascimento (União-BA), prevê que até a próxima terça-feira (20) o plenário da Casa deverá votar a proposta que garante o pagamento do benefício de R$ 600 aos brasileiros e brasileiras pobres e ainda recompõe o orçamento de programas sociais e de diversas áreas.

“Vou tomar por base o texto do Senado e traduzir a vontade da maioria dos deputados desta Casa. Se quiserem aprovar o texto do Senado, eu não tenho opinião pessoal, mas vai prevalecer a opinião da maioria dos deputados”, disse.

Nos bastidores, porém, comenta-se que o problema para a votação está nas exigências feitas pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre espaço no governo e manutenção do orçamento secreto no parlamento.

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Lula estaria aguardando a votação para anunciar o restante dos ministérios. De acordo com a Folha de S.Paulo, Lira travou o anúncio que Lula faria do nome da pesquisadora e atual presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade Lima, para ministra da Saúde.

O presidente da Câmara teria oferecido o apoio de 150 deputados do PP, do União Brasil, PSDB e Cidadania, para votar de forma favorável à aprovação da PEC, desde que a pasta fique sob seu controle.

“A expectativa é que essas negociações, envolvendo os mais de 30 ministros que Lula pretende nomear, não devem ser fechadas antes de quinta-feira (15). Com isso, a votação tem tudo para ficar para a próxima semana. A não ser que Lula feche de imediato acordo com Arthur Lira”, diz a reportagem.

De acordo com o colunista do UOL Tales Faria, o anúncio foi suspenso por pressão de Lira. “O deputado teria sido informado de que seu principal adversário político em Alagoas, o senador Renan Calheiros (MDB), estava cotado para assumir o Ministério da Integração”, diz o jornalista.

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