Transição estuda alterar política de preços da Petrobrás

Objetivo é reduzir dependência do Brasil e sua vulnerabilidade quanto às variações internacionais no valor do petróleo, bem como enfrentar a política de paridade de preços

Foto: divulgação/Petrobras

A política brasileira de Paridade de Preço Internacional (PPI) que incide sobre o petróleo e a vulnerabilidade a mudanças externas no valor da commodity nos últimos anos têm sido alguns dos principais vilões na alta dos preços da gasolina, gás e diesel praticada no país, sobretudo no governo de Bolsonaro. Agora, a equipe de transição de Lula estuda medidas para enfrentar esses problemas. 

O objetivo é mudar a política atual e, ao mesmo tempo, garantir a rentabilidade e a lucratividade da Petrobras e pavimentar o caminho para ampliar a geração de combustíveis e energias renováveis. 

Essas questões têm sido debatidas pelo grupo de trabalho da área de Minas e Energia e alguns pontos foram pautados em reunião realizada entre os integrantes do subgrupo de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do GT de Minas e Energia, coordenado pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN), e representantes da Petrobras, nesta segunda-feira (5). Na ocasião também foi tratada a situação do estoque operacional de combustíveis para essa virada de ano. 

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“Fizemos alguns questionamentos em relação à política de estoques operacionais da estatal. Teremos um inverno rigoroso e crise de preços na Europa. A Petrobras afirmou que está monitorando e tomando providências em relação ao estoque nacional de combustíveis para esse período”, disse Prates.

Integrantes da equipe de transição de Lula têm destacado, também, a necessidade de haver mudanças na atual política de preços da estatal a fim de reduzir as elevações de preço ao consumidor final. Outro ponto importante também neste sentido que tem sido estudada pela transição é tentar expandir a capacidade produtiva das refinarias da Petrobras como forma de reduzir a dependência de importações e consequentemente dos preços externos. 

O coordenador do grupo de trabalho de energia da equipe de transição, Mauricio Tolmasquim, salientou, segundo o jornal Valor Econômico, que o Brasil é autossuficiente na produção de petróleo, mas vulnerável a choques externos por ser dependente da importação de refinados para completar o atendimento à demanda. Mas, apontou também que qualquer decisão a respeito da política a ser implantada levará em conta a rentabilidade da Petrobras. 

Uma das possibilidades de expansão vai ao encontro da tendência mundial de empresas do ramo energético de investir em fontes mais limpas e renováveis, fundamental para enfrentar inclusive a crise climática. Neste sentido, ganham relevância os combustíveis verdes, que já vem sendo trabalhados pela estatal. 

“Essa é uma das bandeiras que o novo governo tem e que será seguida pela nova direção da Petrobras, a questão da transição energética. No mundo todo, as grandes companhia petrolíferas estão se transformando em empresas de energia, porque elas sabem que as energias fósseis estão com o tempo esgotado e em algum momento vai se reduzir o consumo e elas têm de pensar no futuro. Além disso, existe um clamor público, em todos os países, para se reduzir as emissões”, disse Tolmasquim em entrevista à Globo News no domingo (4). 

Ele completou dizendo: “Claro que o centro das atividades da Petrobras será, ainda, a exploração e produção de petróleo, que é de onde vem a maior parte dos recursos, mas ela tem condições de diversificar os investimentos e, também, apostar em atividades ligadas à economia verde, que levem à transição energética, ligadas às fontes renováveis”.