Dieese aponta alta da inflação nos alimentos em 12 capitais

Somente capitais de Norte e Nordeste apontaram redução no preço da cesta básica. Salário mínimo necessário para manter família teria que aumentar para R$ 6.575,30

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O valor do conjunto dos alimentos básicos aumentou em 12 das 17 capitais onde o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Entre outubro e novembro, as altas mais expressivas ocorreram em Belo Horizonte (4,68%), Florianópolis (2,96%), São Paulo (2,69%) e Goiânia (2,03%). Já as reduções ocorreram em algumas cidades do Norte e do Nordeste: Salvador (-2,12%), João Pessoa (-1,28%), Recife (-1,27%), Natal (-1,12%) e Aracaju (-0,69%).

São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 782,68), seguida por Porto Alegre (R$ 781,52), Florianópolis (R$ 776,14), Rio de Janeiro (R$ 749,25) e Campo Grande (R$ 738,53). Nas cidades do Norte e do Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 511,97), Salvador (R$ 550,67), Recife (R$ 551,30) e João Pessoa (R$ 552,43).

A comparação dos valores da cesta, entre novembro de 2022 e novembro de 2021, mostrou que todas as capitais tiveram alta de preço, com variações que oscilaram entre 5,06%, em Recife, e 16,54%, em Belo Horizonte.

Em 2022, o custo da cesta básica apresentou elevação em todas as cidades, com destaque para as variações acumuladas em Goiânia (15,45%), Campo Grande (15,15%), Brasília (14,58%), Belo Horizonte (14,58%) e Porto Alegre (14,44%). Em Recife, foi registrada a menor variação, de 3,56%.

Alimentos

A batata foi o alimento que mais apresentou aumentos, devido a problemas de sazonalidade e clima. Motivos sazonais também afetaram o preço do tomate em algumas regiões. O leite integral, por sua vez, teve redução de preços, devido ao alto valor acumulado no ano e baixa demanda devido ao preço.

Os preços internacionais do café também contribuíram para baixar o preço no Brasil, com a baixa demanda de exportação. O mesmo ocorreu com o feijão que também apresentou queda no preço.

Em São paulo, que sofreu os maiores aumentos, no acumulado dos últimos 12 meses, foram registradas elevações em 10 dos 13 produtos da cesta: batata (44,11%), café em pó (40,13%), farinha de trigo (38,90%), banana (35,45%), leite integral (34,76%), manteiga (18,09%), pão francês (18,06%), feijão carioquinha (8,62%), óleo de soja (5,69%) e carne bovina de primeira (2,16%). Apenas o tomate (-1,75%), o arroz agulhinha (-0,26%) e o açúcar refinado (-0,25%) acumularam taxa negativa.

Salário mínimo

Com base na cesta mais cara, que, em novembro, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em novembro de 2022, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.575,30, ou 5,43 vezes o mínimo de R$ 1.212,00.

Em outubro, o valor necessário era de R$ 6.458,86 e correspondeu a 5,33 vezes o piso mínimo. Em novembro de 2021, o valor do mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 5.969,17, ou 5,43 vezes o valor vigente na época, de R$ 1.100,00.

Em novembro de 2022, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 121 horas e 02 minutos, maior do que o registrado em outubro, de 119 horas e 37 minutos. Em novembro de 2021, a jornada necessária era de 119 horas e 58 minutos.

Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5%, referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em média, em novembro de 2022, 59,47% do rendimento para adquirir os produtos alimentícios básicos, mais do que em outubro, quando precisou usar 58,78%. Em novembro de 2021, quando o salário mínimo era de R$ 1.100,00, o percentual ficou em 58,95%.