Censo terá novo adiamento, com 20% da população faltando ser recenseada 

IBGE anuncia que quase 80% dos brasileiros foram entrevistados, porém, números finais só serão divulgados em janeiro. Dia 26, uma prévia será entregue ao TCU

Foto: Tania Rego/Agência Brasil

Com quase 80% da população entrevistada até este momento, o IBGE estima que o término do Censo de 2022 sofrerá novo atraso, e deverá ser concluído somente em janeiro. Inicialmente, a previsão era finalizar o levantamento em outubro, prazo que foi revisado para meados de dezembro e agora foi novamente adiado. 

No entanto, uma prévia, que deverá chegar a 90% da população, deverá ser entregue ao Tribunal de Contas da União (TCU) no dia 26 de dezembro.  

Ao todo, desde 1º de agosto até 5 de dezembro, foram entrevistadas 168.018.345 pessoas, em 59.192.875 domicílios no país. O número corresponde a 78,73% da população estimada pelo instituto. Do total de recenseados, 51,6% eram mulheres e 48,4%, homens; 39,54% são do Sudeste, 29,43% do Nordeste, 14,76% do Sul, 8,79% do Norte e 7,44% do Centro-Oeste.   

Nesse universo de brasileiros já recenseados, foram identificados mais de 12 milhões (7%) vivendo em “aglomerados subnormais”,  ou seja, ocupações irregulares de terrenos para fins de habitação em áreas urbanas. Também já foram contabilizados 1.489.003 indígenas e 1.208.702 quilombolas. 

Segundo informado pelo IBGE, entre os problemas que levaram aos atrasos estão a taxa de recusa em responder os questionários, em torno de 2,60%, e a dificuldade de contratação de recenseadores, sobretudo no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. 

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Os obstáculos para a contratação podem estar relacionadas às precárias condições de trabalho, que envolvem salários baixos, atrasos nos pagamentos e insegurança. Em agosto, trabalhadores do Censo planejaram entrar em greve devido aos problemas enfrentados. 

No final de novembro, o governo Bolsonaro autorizou, por meio da Medida Provisória 1.141, a contratação de recenseadores sem processo seletivo. Ao longo do mandato do atual presidente, o Censo sofreu uma série de entraves para ser viabilizado, para além das limitações impostas pela pandemia.

O Censo 2022 saiu da gaveta depois de dois adiamentos durante o governo Bolsonaro. Em 2020, a pesquisa teve de ser adiada em virtude da pandemia de Covid-19. Em 2021, o Censo enfrentou novo percalço. O Orçamento previa R$ 2 bilhões, mas o IBGE apontava a necessidade de ao menos R$ 2,3 bilhões para a realização. O valor só foi liberado após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em maio de 2021, que determinou a realização do levantamento neste ano, finalmente iniciado no começo de agosto. Por lei, o Censo deve ser realizado a cada dez anos, e o último ocorreu em 2010. 

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