ONU lança apelo humanitário recorde para o próximo ano

Panorama Humanitário Global 2023 quer ajudar a salvar a vida de milhões de pessoas em todo mundo; valor chega a US$ 51,5 bilhões, 25% mais alto que em 2022

Moradores de Rann, no nordeste da Nigéria, caminham pela estrada principal inundada, inacessível para veículos | Imagem: Ocha/Christina Powell

A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou um apelo nesta quinta-feira (1º/12) a fim de arrecadar US$ 51,5 bilhões para 2023. Segundo o subsecretário-geral de Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, com o prolongamento das crises, as necessidades humanitárias em 2023 estarão “incrivelmente altas”.

A quantia é 25% mais alta que o que foi pedido em 2022, e mais da metade do que em 2018. Estima-se ser o valor necessário para auxiliar 339 milhões de pessoas em 69 países.

Griffiths citou secas e inundações letais em comunidades que vão do Paquistão ao Chifre da África, além da guerra na Ucrânia, que “transformou uma parte da Europa em um campo de batalha”. Ele lembrou que eventos como os citados, obrigaram 100 milhões de pessoas a se deslocar no mundo.

A saúde pública mundial também sente o impacto, segundo a entidade, e está sob pressão por consequência da pandemia de Covid-19, varíola dos macacos ou varíola M, doenças transmitidas por vetores e surtos de ebola e cólera.

Segundo ele, em 2022 “o conflito intenso, a crise climática mortal e as epidemias de saúde, incluindo cólera e Covid-19, causaram níveis recordes de fome e deslocamento, pioraram a pobreza e colocaram a igualdade para mulheres e meninas cada vez mais fora de alcance”.

Na projeção feita pela ONU, pelo menos 222 milhões de pessoas em 53 países enfrentarão insegurança alimentar aguda até o final de 2022; e cerca de 45 milhões em 37 países correm o risco de morrer de fome. Além disso, a mudança climática está aumentando os riscos e a vulnerabilidade. No final do século, o calor extremo pode matar tantas vidas quanto o câncer.

UNICEF/3,4 milhões de crianças precisam de apoio humanitário no Paquistão

O chefe humanitário da ONU lembra que as pessoas chegaram aos seus limites. E, para ele, este apelo é ajuda a comunidade internacional a cumprir a promessa de não esquecer de ninguém. “Uma em cada 23 pessoas agora precisa de ajuda humanitária, mais que o dobro da porcentagem de apenas quatro anos atrás.”, disse.

Segundo a organização, em meados de novembro, os doadores forneceram US$ 24 bilhões em financiamento, que ajudaram 216 milhões de pessoas em 69 países.

“Ajuda de US$ 4 bilhões alcançou pessoas na Ucrânia e na região, cujas vidas foram prejudicadas pela guerra, enquanto US$ 2,4 bilhões foram canalizados para aliviar o sofrimento das pessoas no Afeganistão”, informa o subsecretário-geral.

Porém, as necessidades aumentam com mais velocidade que o apoio financeiro. A lacuna de financiamento nunca foi tão grande: 53% atualmente. Por este motivo, as organizações humanitárias são forçadas a decidir a quem atingir com o dinheiro disponível. “Outros países tiveram menos sorte e alguns ficaram criticamente subfinanciados, com menos de 24% de seus requisitos atendidos.”, revela Griffiths.

“Algumas crises receberam financiamento, mas tarde. O Chifre da África enfrentou uma seca histórica e, quando todos os indicadores piscaram em vermelho, os humanitários aumentaram para salvar vidas, alcançando 17 milhões de pessoas com assistência. Mas o alerta de fome na Somália continua em vigor.”, completa.

PMA | Mulheres alimentam seus filhos em um centro de nutrição no Sudão do Sul. Desde 2014, o número de pessoas que passam fome tem aumentado

Apesar das dificuldades, Griffiths salienta que a organização continuará a expandindo esforços para negociar a passagem segura da ajuda. “A assistência humanitária não é uma questão de caridade, mas de direitos das pessoas afetadas.”

“Essa mudança não será fácil e não há uma linha reta para esse objetivo. Mas estamos empenhados em torná-lo realidade. A Visão Geral Humanitária Global de 2023 é ambiciosa e pedimos aos doadores que sejam generosos. Em 2022, recebemos 47% do que precisávamos. Este ano espero que possamos fazer muito melhor.”, conclui.

__
com informações da agência Onu

Autor