Turismo: país passou de protagonista a pária internacional

Dados revelam que governo Bolsonaro destruiu imagem do Brasil para o mundo e afastou turistas de outros países. Um dos destinos prediletos, país hoje é desprezado por turistas internacionais.

Reflexo em janelas de prédio no Rio de Janeiro – Foto: Depositphotos

O diagnóstico do GT de Turismo do Gabinete de Transição revela que o país afastou viajantes de todo o mundo. Dados mostram um cenário de afugentamento de turistas. A equipe de transição apresenta medidas a serem tomadas para o país voltar a ser um dos destinos turísticos mais atrativos para o mundo.

No ranking global de competitividade em viagens e turismo do Fórum Econômico Mundial, o país saiu da marca de 28ª em 2015 para a 49ª posição em 2021, ou seja, caiu 21 posições em poucos anos. O índice retrata a capacidade de os países atraírem investimentos, turismo, talentos, além da força da diplomacia e de exportações.

Em relação à infraestrutura turística, o país perdeu 20 posições no ranking. Caiu de 40º para 60º no mundo.

Para o ex-ministro do Turismo, Luiz Barreto, coordenador do GT, a explicação está na péssima imagem do Brasil passada para a sociedade internacional pelo governo Bolsonaro.

“Ninguém procura um país que incentiva queimadas, desmatamentos, o armamento da população e que atua contra a diversidade étnica, cultural e de gênero”. Segundo ele, o interesse pelo país para a realização de eventos internacionais também despencou no ranking da International Congress and Convention Association (ICCA).

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“Em 2009, no governo Lula, o país ocupava a 7ª posição no ranking de atratividade para eventos. Hoje, somos o 27º”, revelou o ex-ministro do Turismo (2008 a 2010).

Cortes na área

O cenário para 2023 é preocupante, apontou o GT. O orçamento do Ministério do Turismo previsto para o próximo ano, destinado às áreas finalísticas (exclui custeio), sofreu corte de 74% em relação a 2022.

O diagnóstico também revela que o turismo doméstico despencou. Em 2010, mais de 100 milhões de brasileiros viajavam. Hoje, mesmo no período posterior à fase mais grave da pandemia do coronavírus, apenas 40 milhões de brasileiros estão viajando.

“A queda no mercado doméstico é o retrato de como o setor foi desconstruído pelo atual governo. A situação se agravou com desemprego, queda na renda, endividamento das famílias e pelo atraso e boicote à vacinação”, aponta Barreto.

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Segundo o ex-ministro, “países como Argentina, Colômbia e México já conseguiram recuperar a malha aérea após a fase mais aguda da pandemia. O Brasil, não”.

Outra dificuldade encontrada pelo GT é o acesso à informação. Até o momento, apesar de inúmeros pedidos, não há resposta sobre a situação da Embratur nem dados sobre orçamento da agência para 2023.

Recuperação da imagem

Ex- ministro do Turismo, Luiz Barreto (Foto: Agência Brasil)

O país precisará de um amplo trabalho de reconstrução de sua imagem, com políticas públicas para o setor, focadas nas pessoas, na valorização da cultura e do patrimônio histórico, amparadas na ciência, tecnologia e inovação, com respeito ao meio ambiente, para voltar a ocupar espaço no mercado turístico mundial.

“O país ficou de costas para o tema da sustentabilidade e das mudanças climáticas, ignorando que o turismo atual é mais ligado à natureza e à qualidade de vida. É preciso reposicionar o Brasil como destino acolhedor e hospitaleiro”, disse Barreto.

O GT também identificou que o futuro governo terá de incluir a sustentabilidade e os novos hábitos adquiridos pós-pandemia, além de melhorar a governança e a relação com estados e municípios.

“O país precisa voltar a participar dos fóruns internacionais e ouvir a sociedade. O Conselho Nacional do Turismo, por exemplo, não se reúne há mais de um ano e meio, mesmo após a fase mais aguda da pandemia ter acabado”, informou o ex-ministro.

Com informações Ascom Gabinete de Transição

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