Com Bolsonaro, país deve R$ 5 bi a organismos internacionais, inclusive ONU 

No caso da FAO, dívida pode levar o Brasil a perder direito a voto. Equipe de transição solicitou diagnóstico para planejar as medidas necessárias para sanar situação

Fonte: FAO

As dívidas que o atual governo deixará extrapolam os limites nacionais. Sob Bolsonaro, o Brasil deixou de pagar R$ 5 bilhões a organismos internacionais dos quais faz parte, entre os quais está a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura). O valor foi confirmado pelo Ministério da Economia. Funcionários da agência classificam a situação como “vexame” e “reveladora” da atual política externa. As informações são do jornalista Jamil Chade, do UOL. 

Conforme noticiado, a equipe de transição de Luiz Inácio Lula da Silva solicitou ao governo informações sobre o quadro geral das pendências do país junto à ONU, bancos regionais, tratados ou mecanismos internacionais, a fim de planejar medidas para sanar ao menos as dívidas emergenciais de maneira a não prejudicar o Brasil junto a esses órgãos. O diagnóstico deverá ser entregue nesta sexta-feira (25). 

Em alguns casos, como na FAO, instituição que se dedica a um assunto caro ao Brasil, o país corre o risco de perder o poder de voto. O ano de 2019 foi o último em que o governo fez a contribuição e desde então, os pagamentos foram suspensos. Nesta organização, seria preciso quitar ao menos os valores relativos a 2020 para que o país possa manter seus direitos. 

Leia também: Mercado ataca Lula, mas ignora R$ 795 bi gastos por Bolsonaro fora do teto

Segundo apontou Chade, “a regra na entidade estabelece que, ao completar dois anos sem fazer depósitos completos, um governo perde seu direito ao voto nas decisões da instituição. Hoje, o Brasil contribui com cerca de 3% do orçamento da FAO e, se pagasse o que lhe corresponde, seria o oitavo maior contribuinte para o orçamento da instituição”. 

Na avaliação de José Graziano, criador do Fome Zero, ex-ministro de Lula e diretor da FAO entre 2012 e 2019,  “essa é uma situação inaceitável. Neste momento em que o Brasil busca se reinserir no mundo, a FAO tem um valor simbólico. É ali que vai se debater as medidas de combate à fome no mundo. O Brasil terá muito a contribuir e muito a receber”. 

(PL)

Autor