Movimentos sociais cobram de Lula transição “mais popular”

Para João Paulo Rodrigues, do MST, é fundamental que a voz da sociedade civil organizada seja ouvida também em áreas como Economia, Agricultura e Defesa

“A gente acha que a transição tem que ser frente ampla, mas tem que ser popular.” É assim que João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), define as demandas que os movimentos sociais querem levar ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Desde o último dia 14 de novembro, a sede CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), em Brasília, abriga o Gabinete de Transição para o novo governo, sob a coordenação do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB). Lideranças sociais foram indicadas para alguns Grupos Temáticos (GTs). Quatro presidentes de centrais sindicais, por exemplo, compõem o GT Trabalho.

Mas, para João Paulo, é fundamental que a voz da sociedade civil organizada seja ouvida também em áreas como Economia, Agricultura e Defesa. Segundo a Folha de S.Paulo, “há uma avaliação de que é necessário ampliar a participação desses grupos, mesmo que como voluntários. O recado foi transmitido à presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), em reunião na semana passada”.

Os movimentos também trabalham para massificar tanto a diplomação (em 19 de dezembro) quanto a posse de Lula e Alckmin (em 1º de janeiro), mobilizando militantes de diversas entidades e regiões. Muitas caravanas a Brasília já estão programadas para a virada do ano. “A posse tem que ter uma estética que demonstra como vai ser esse governo. Tem que ter uma participação do País todo, sob pena de nós não termos força como precisamos ter”, afirma João Paulo.

A cobrança já começa a surtir efeito: uma dos avanços recentes foi a criação do Conselho Social da Transição e dos núcleos de apoio aos GTs. Na visão da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), o governo, a exemplo da transição, também deve mais instâncias de participação. “Precisamos construir outros mecanismos de articulação para que nós sejamos ouvidos para as decisões do governo”, afirma Aristides Santos, presidente da Contag.

Em entrevista recente à Folha, João Paulo Rodrigues lembrou que a base já tem reivindicações na ponta da língua para Lula. “Vamos apoiar o governo, ajudar a governar se for possível, mas nossa base que tem que ser contemplada, com crédito, terra e política pública. Vamos ter que ter uma combinação permanente de ‘pau e prosa’.”

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