Lula quer retomar civilidade nas relações internacionais

Candidato afirmou também que vai conduzir o país de ‘volta à normalidade’. Também criticou as fake news contra ele.

Lula com o candidato a vice em sua chapa, o candidato a governador e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT); a ex-ministra do Meio Ambiente e deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP), do ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica, além da esposa, Janja da Silva.

O ex-presidente e candidato ao Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, disse neste sábado (29), em uma entrevista coletiva, que, se vencer a eleição, pretende conduzir o país “de volta à normalidade”.

Lula falou ao lado de aliados, pouco antes de uma caminhada com eleitores e simpatizantes na Avenida Paulista. Um dos aliados que estavam com o petista é o ex-presidente do Uruguai, José Mujica.

“Nós vamos fazer este país voltar à normalidade. Nós vamos tentar reconstruir tudo aquilo que tínhamos feito, estava dando certo e crescendo”, afirmou, citando o fortalecimento do continente e as boas relações multilaterais com os Estados Unidos, a Europa, a China, a Rússia. Ele afirmou que pretende fazer uma sequência de viagens ao exterior o mais brevemente possível para recuperar as relações internacionais do Brasil.

Lula, a exemplo do que fez no debate da Globo na sexta-feira (28), disse que está preocupado com o isolamento do Brasil no cenário internacional. Na entrevista, Lula voltou a repetir que o Brasil está isolado como nunca esteve por conta do presidente Jair Bolsonaro (PL), seu adversário. Segundo o petista, o candidato à reeleição “não consegue ter relações com ninguém” e “arruma briga com todos os vizinhos”.

“As pessoas não podem ser pegas de surpresa com ofensas e desacatos (vindos do presidente da República)”, disse Lula. Para ele, o comportamento e as políticas destrutivas de Jair Bolsonaro fizeram com que o Brasil acabasse isolado do resto do mundo, o que é ruim tanto politicamente quanto economicamente.

“Pretendo fazer essa viagem para poder restabelecer um padrão de civilidade na relação internacional do Brasil. Este país é muito grande e é muito importante. Este país já foi protagonista internacional”, argumentou.

Neste sábado, o jornal francês Le Monde publicou um artigo de Lula em que o ex-presidente faz uma série de acenos à comunidade internacional, principalmente em relação à preservação da Amazônia, além de fazer uma série de críticas ao comportamento de Bolsonaro na arena externa.

Guerra de fake news

Como no primeiro turno, a véspera da eleição foi marcado por intenso fluxo de fake news e desinformação contra Lula. Desta vez não foi diferente e o que tem causado mais estrago têm sido as notícias falsas sobre um plano inexistente da campanha para acabar com o Microempreendedor Individual (MEI).

A ação, segundo o ex-presidente, é orquestrada nas redes sociais pela base bolsonarista. “Eu, sinceramente, não consigo conceber como alguém disputa uma eleição mentido descaradamente a campanha inteira. Não tem limite”, disse Lula na entrevista.

O ex-presidente explicou que, no debate da sexta-feira, ele criticou Bolsonaro por ter mudado a forma de calcular o número de empregos criados no Brasil. Para melhorar seus números, o governo Bolsonaro passou a contar os MEIs como trabalhadores com carteira assinada. 

A partir daí gerou-se um debate virtual sobre o conceito da sigla, com uma forte mobilização bolsonarista. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), por exemplo, escreveu no Twitter: “MEI não é trabalho, diz Lula em debate. O que Lula tem contra quem MEI?”.

“Eu disse que ele estava errado, que ele não podia colocar o MEI nessa relação entre empregado e empregador. E, agora eles estão nas redes sociais dizendo que eu quero acabar com o MEI”, disse Lula.

Além de mentirosa, a afirmação dos bolsonaristas não faz o menor sentido. Afinal, foi Lula quem criou o MEI, assim como a Lei da Micro e Pequena Empresa e o Super Simples. Todas medidas que melhoraram muito a vida dos pequenos empresários.

Ato na Paulista

Além de Lula, participarão da caminhada o candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o candidato ao governo do estado, Fernando Haddad, a ex-senadora e deputada federal eleita Marina Silva (Rede), e a candidata no primeiro turno Simone Tebet (MDB).

Este sábado é o último dia para que os candidatos promovam passeatas, caminhadas e carreatas, além de propaganda eleitoral mediante alto-falantes ou amplificadores de som e distribuição de material gráfico.

O ato foi organizado por movimentos sociais que apoiam os candidatos. A caminhada será organizada em formato de desfile de carnaval, com a presença de 9 alas. Entre elas, democracia, habitação e educação. As alas serão organizadas por centrais sindicais e movimentos sociais.