Bolsonaro quer acabar com desconto do Imposto de Renda na saúde e educação

A medida seria uma forma de o governo compensar, em parte, as promessas do presidente durante a campanha eleitoral

Fotomontagem feita por Artur Nogueira com as fotos de: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil;

O Estadão teve acesso a um documento indicando que o governo Bolsonaro pretende acabar com as deduções de despesas médicas e de educação no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). Nele, a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, diz que a medida representaria uma economia de R$ 30 bilhões no caixa do governo.

De acordo com o jornal, a iniciativa tem como objetivo compensar as promessas de Bolsonaro feitas durante a campanha. Por causa do teto de gastos, que estabelece um limite para as despesas, o centrão tem buscado junto ao governo alternativas de novas fontes. Trata-se de mais um rombo nas contas públicas para bancar o chamado orçamento secreto, um dos maiores escândalos de corrupção da história do país.

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O pacote de maldade também está sendo considerado mais uma granada de Guedes, que se gabou, metaforicamente, de ter colocado o artefato no bolso do trabalhador para congelar salários.

“Além do corte que atingiria a classe média, o documento prevê manutenção do Auxílio Brasil no valor de R$ 600 (gasto extra de R$ 52 bilhões), correção da faixa de correção da tabela do IRPF (R$ 23 bilhões) e concessão de um 13.º para as mulheres beneficiárias do Auxílio Brasil que são chefes de família – esta última promessa anunciada um dia após o primeiro turno das eleições, no dia 3 de outubro. Juntas, essas três propostas teriam impacto de R$ 86 bilhões no ano que vem”, explicou a reportagem.

O jornal paulista lembrou ainda que Guedes já defendeu o fim das deduções. “Você hoje bota uma alíquota de 27,5% e depois deixa o cara deduzir, fica todo mundo juntando em casa papelzinho de dentista, papelzinho de médico. Isso além de ser regressivo, porque o pobre vai na assistência social depois não recebe refunding (reembolso) nenhum. Então é regressivo, é ineficiente. Melhor tira todas as deduções, abaixa um pouquinho a alíquota, é muito mais simples, não é?”, afirmou o ministro em 2019.

Deputada Jandira Feghali (Foto: Richard Silva/PCdoB na Câmara)

Na opinião da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), a maldade da vez atinge com força a classe média. “Fim da dedução dos gastos com saúde e educação no imposto de renda da pessoa física. Não sabem mais de onde tirar dinheiro para repor a farra da reeleição”, criticou.

“Depois de tirar o aumento do salário mínimo e das aposentadorias, é a granada no bolso do trabalhador. Vamos derrotar essa corja!”, protestou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

O deputado Alexandre Padilha (PT-SP) diz que Bolsonaro e Paulo Guedes vão colocar a granada no bolso da classe média. “O governo defendeu por escrito o fim dos descontos com despesas médicas e de educação no Imposto de Renda. A má gestão bolsonarista vai ficar por conta dos que mais pagam impostos no país”, disse.

“MAIS UMA GRANADA DO GUEDES. Equipe da Economia estuda retirar do Imposto de Renda dedução de gastos com saúde e ensino. Guedes não se contém e deixa claro quem vai pagar a conta se Bolsonaro ganhar. É preciso desarmar essa bomba no dia 30”, postou no Twitter o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).

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