Na reta final, Sudeste é o epicentro da guerra entre Lula e Bolsonaro

Região conta com 66,7 milhões de eleitores – o equivalente a 42% do eleitorado nacional

Lula faz campanha ao lado de Simone Tebet em Minas

A reta final das eleições presidenciais de 2022 será marcada por uma acirrada disputa pelo voto em todo o País, mas especialmente no Sudeste. Tanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quanto o atual mandatário, Jair Bolsonaro (PL), concentram recursos, agendas e busco de apoios na região, que conta com 66,7 milhões de eleitores – o equivalente a 42% do eleitorado nacional. O foco é ainda maior em São Paulo e Minas Gerais, os dois maiores colégios eleitorais do Brasil.

No primeiro turno, Bolsonaro venceu a disputa entre os paulistas com 47,71% dos votos válidos, contra 40,89% de Lula. Já entre os mineiros, a vitória foi do ex-presidente, por 48,29% a 43,60%. Curiosamente, nos dois casos, quem venceu num estado perdeu em sua respectiva capital. Lula foi o mais votado na cidade de São Paulo, e Bolsonaro, em Belo Horizonte.

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A agenda das duas candidaturas reserva atenção prioritária a esses dois estados no segundo turno. Nesta sexta-feira (21), Lula fez caminhada em Teófilo Otoni (no Vale do Mucuri) e Juiz de Fora (na Zona da Mata). Ele estava acompanhado das ex-presidenciáveis Simone Tebet (MDB) e Marina Silva (Rede). No sábado, a caminhada será na região metropolitana, entre a capital Belo Horizonte e Ribeirão das Neves.

O ex-presidente voltará a Minas mais uma vez (pelo menos) na próxima semana – a última desta eleição. Lula quer ampliar a dianteira aberta no primeiro turno sobre Bolsonaro, que foi 563 mil votos. Desde 1955, todos os presidentes eleitos saíram de Minas com a maior votação entre os candidatos.

A campanha de Bolsonaro deslocou ao estado a primeira-dama Michelle Bolsonaro e a senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF). O périplo bolsonarista nesta sexta inclui Almenara (no Vale do Jequitinhonha), Governador Valadares (Vale do Rio Doce) e Ribeirão das Neves. No sábado, elas vão a Belo Horizonte, Ubá (Zona da Mata) e Uberaba (Triângulo Mineiro).

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Já o estado de São Paulo virou o centro das atenções da candidatura de Lula. Bolsonaro foi a opção de 12,2 milhões de eleitores paulistas em 2 de outubro, abrindo uma vantagem no estado de 1,7 milhão de votos. Na visão dos coordenadores da campanha de Lula, Bolsonaro só terá chance de ser reeleito se “deslanchar” em São Paulo. Para impedir esse risco, o ex-presidente vem apostando em caminhadas na capital e em grandes cidades, com foco na região metropolitana.

O presidente também ampliou as agendas no estado. Segundo o Estadão, nos últimos dez dias de campanha, Bolsonaro ficará quatro em São Paulo. A meta da campanha é chegar a 60% dos votos válidos dos paulistas. Ainda assim, seria um percentual inferior ao obtido por Bolsonaro nas eleições 2018, quando venceu o petista Fernando Haddad no estado por 68% a 32%.

O Rio de Janeiro, domicílio eleitoral da família Bolsonaro e terceiro colégio do Brasil em número de votos, também está em disputa. Lula já afirmou que quer “virar” a disputa no estado, que deu 51,09% dos votos válidos a Bolsonaro no primeiro turno. Nesta quinta-feira (20), o petista participou de duas caminhadas concorridas junto a eleitores fluminenses: uma em São Gonçalo, na Baixada Fluminense; e outra em padre Miguel, na capital.

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O Sudeste ganha relevância porque outras regiões de peso eleitoral estão sob domínio de um ou outro candidato. É o caso do Nordeste, onde Lula teve quase 13 milhões de votos a mais do que Bolsonaro no primeiro turno, alcançando 67% dos votos válidos. Dos 1.794 municípios da região, Bolsonaro só superou Lula em 15.

Já no Sul, que responde por 22,5 milhões de votos, a hegemonia é do atual presidente e candidato à reeleição. Em 2 de outubro, Bolsonaro abriu vantagem sobre Lula nos três estados da região: 55,26% a 35,99% dos votos válidos no Paraná; 62,21% a 29,54% em Santa Catarina; e 48,89% a 42,28% no Rio Grande do Sul.

As pesquisas indicam que Lula tende a ampliar a diferença a seu favor no Nordeste, mas ficar em desvantagem maior no Centro-Oste e no Sul. Assim, os desdobramentos da disputa no Sudeste – o epicentro desta guerra eleitoral – podem determinar quem será o próximo presidente do Brasil.

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