MPF volta a questionar gastos das Forças Armadas no 7/9

Os procuradores consideram que o Ministério da Defesa “empurrou” aos comandos regionais a responsabilidade em informar sobre os gastos com o evento

Em novo pedido ao governo Bolsonaro, o Ministério Público Federal (MPF) considerou que houve “transferência de responsabilidade” por parte do Ministério da Defesa depois que “empurrou” para os comandos regionais a responsabilidade em detalhar os gastos com a comemoração do Bicentenário da Independência no Rio de Janeiro.

A nova cobrança determina que o governo preste “informações precisas sobre o planejamento adotado para as ações do evento realizado na Praia de Copacabana, em 7 de Setembro, e respectivos gastos realizados”.

No ofício, o MPF diz que a resposta deve incluir “informações sobre análise prévia acerca dos riscos de confusão com manifestação político-partidária e medidas para preveni-la, além da relação de gastos com o evento em si e com a emissão de diárias e passagens e outros custos”.

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A nova cobrança foi incluída no inquérito que apura desvio de finalidade por parte da União na realização do evento.

A oposição considera que o governo usou as Forças Armadas para realizar uma parada-comício no 7 de setembro em Copacabana e outros estados.

No evento, Bolsonaro atacou o ex-presidente Lula e o Supremo Tribunal Federal (STF). Disse que o ex-presidente deveria ser “extirpado” da vida pública. “Vocês sabem como funciona o Supremo Tribunal Federal”, disse Bolsonaro aos seus apoiadores que vaiaram a corte.

“Ao contrário da postura de chefe do Estado brasileiro que lhe caberia, Jair Bolsonaro, com o apoio dos demais investigados, valeu-se do momento como palco de comício eleitoral em benefício de sua candidatura – inclusive, deve-se dizer, custeado por verbas do estado destinadas ao ato, cuja finalidade foi deturpada pelos investigados”, diz um trecho de uma ação da Coligação Brasil da Esperença (PT, PCdoB, PV, PSOL, Rede, PSB, Solidariedade, Avante, Agir e Pros).

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A Coligação citou a presença nos eventos de empresários investigados por defenderem golpe militar e pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a proibição do uso das imagens do 7 de Setembro no propaganda de Bolsonaro.

Na ocasião, entre outras irregularidades apontadas estão: iniciativas de convocação da população brasileira para o 7 de setembro, inclusive por meio de propaganda eleitoral gratuita na televisão e pela intimação de servidores públicos; o uso de imagens coletadas no evento para municiar propaganda na TV; os altos valores gastos com o desfile; financiamento e instalação de outdoors (meio vedado de propaganda eleitoral) por pessoas jurídicas para convocação aos eventos; e a presença de apoiadores políticos sem cargos institucionais no palco – o que evidencia o intuito eleitoral/partidário.

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