Pesquisa injeta desânimo na campanha de Bolsonaro

Comando bolsonarista acreditava que os apoios recebidos neste 2º turno já teriam ajudado a melhorar as intenções de voto no presidente

A nova rodada da pesquisa Ipec para a Presidência da República, divulgada nesta segunda-feira (10), frustrou a coordenação da campanha à reeleição de Jair Bolsonaro (PL). O comando bolsonarista acreditava que os apoios recebidos neste segundo turno já teriam ajudado a melhorar as intenções de voto no presidente. Não foi o que ocorreu.

Bolsonaro oscilou um ponto percentual para baixo, passando de 43% para 42% ao longo de cinco dias. Em contrapartida, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficou com 51% das intenções de voto – o mesmo patamar da semana passada. Embora a diferença entre os dois candidatos tenha permanecido em dez pontos percentuais nos votos válidos (55% a 45%), o recorte da pesquisa por região “injetou desânimo” entre os bolsonaristas.

Para garantir a reeleição, a campanha tinha três metas centrais: aumentar a diferença a favor de Bolsonaro no Sudeste (priorizando uma virada em Minas Gerais) e reduzir a desvantagem para Lula no Nordeste. Sem esses movimentos, seria difícil reverter a dianteira imposta por Lula no primeiro turno, de mais de 6 milhões de votos em todo o Brasil.  

Nos primeiros dias de segundo turno, o presidente alardeou a adesão do governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), bem como o “apoio incondicional” declarado pelo governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), que não foi ao segundo turno. Além disso, na propaganda eleitoral em rádio e TV, Bolsonaro dedicou atenção especial ao Nordeste, agradecendo por sua votação no primeiro turno, superior à obtida por ele mesmo em 2018.

Porém, o Ipec, primeiro instituto a já ter divulgado duas pesquisas neste segundo turno, mostrou que a oscilação negativa de Bolsonaro ocorreu justamente entre os eleitores do Sudeste. Lula passou de 47% para 48% na região, enquanto Bolsonaro foi de 45% para 44%. Já no Nordeste, o presidente permaneceu com apenas 26% e viu Lula oscilar para cima, chegando a 70%. O resultado final só não foi pior para Bolsonaro porque suas intenções de voto no Sul foram de 54% para 56%.

“Apesar do empenho da equipe do presidente, a nova rodada Ipec mostra que nenhuma das duas estratégias está dando certo. Nem o apoio explícito do governador Romeu Zema nem as tentativas de se aproximar dos nordestinos parecem ter virado votos suficientes até o momento”, avalia o jornalista Matheus Leitão, da revista Veja.

Segundo ele, a coordenação de campanha de Bolsonaro foi pega de surpresa e será obrigada a ajustar a tática: “Ao que tudo indica, a virada em Minas e a conquista de votos no Nordeste não serão tão simples quanto a equipe do presidente acreditou que seria, mesmo com novas medidas e a força da engrenagem da máquina pública nas mãos”.

A pesquisa Ipec, contratada pela TV Globo, ouviu 2 mil eleitores, em 130 municípios brasileiros, entre sábado (8) e segunda-feira. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

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